segunda-feira, 13 de junho de 2022

Livro:"O fogo invisível". Autor: Javier Sierra. Análise (opinião) literária. Incentivo à leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro "O fogo invisível" do autor Javier Sierra tem uma narrativa em primeira pessoa, e baseia-se em fontes históricas e literárias documentadas, para elaborar uma história ficcional de aventura e suspense, pelo menos era em um primeiro momento o que eu esperava, confesso que no início da leitura da obra não me senti empolgado com a trama contada, porém ao longo da leitura meu ceticismo foi sendo aplacado por uma narrativa mais dinâmica e criativa, que de alguma forma aguçou a minha curiosidade. 

Mesmo utilizando-se de um tema que já foi amplamente explorado pelo mundo literário, que é o misticismo do "Santo Graal", o autor consegue em boa parte do tempo prender a nossa atenção. Talvez não tenha sido a trama que mais me empolgou, mas sem sombra de dúvida, é um livro que deve ser lido. 

Citação do autor ao final do livro:

"Todas as fontes literárias e históricas mencionadas neste romance estão documentadas, assim como as referências ao graal e suas distintas localizações e hipóteses. Ao mesmo tempo, as alusões ao "fogo" e seus inimigos" tampouco são mera fantasia do autor. De fato, ele confia como David Salas, no relato --- que o leitor empreenda sua própria busca, agora que já sabe de tal existência"

Descrição da editora:
Qual é a verdadeira origem da arte? O jovem e promissor linguista David Salas não esperava tirar férias de um dia para o outro e ir à Madri – menos ainda encontrar-se lá com Lady Victoria Goodman, uma velha amiga de seus avós que não via havia mais de vinte anos. De repente, os planos para suas férias mudam de maneira drástica e ele se vê em uma corrida surpreendente para desvendar o que aconteceu com um aluno de Lady Goodman, que ela diz ter sido assassinado. Para sua surpresa, a resposta parece estar escondida no mito do Graal e sua ligação com a Espanha. Entre igrejas romanas remotas nos Pirineus, coleções de arte em Barcelona, livros antigos e códigos estranhos, David e seus companheiros nos levam a um enredo cheio de intrigas e mistérios, que nos fazem questionar sobre a origem da inspiração, da literatura e da verdadeira arte.

Sobre o autor:
Javier Sierra é o primeiro escritor espanhol (e até agora o único) que entrou no Top Ten da lista dos mais vendidos no Estados Unidos, elaborada pelo The New York Times. 
Licenciado em Ciências da Informação pela Universidade Complutense de Madri. Foi conselheiro editorial da revista  Más allá de la Ciencia e atualmente participa em diversos espaços radiofônicos e televisivos.

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Livro: "A verdade é teimosa". Autora: Miriam Leitão. Análise (opinião) literária. Indicação de leitura. Incentivo à leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro de Mirian Leitão "A verdade é teimosa", é um compilado de textos por ela escritos que traçam um panorama do ambiente econômico no Brasil, no período de 2010 à 2016.
A análise feita pela autora dos problemas econômicos tem o poder de em um segundo momento, também fazer um retrato político do país nesse período. 
Fica latente como economia e política estão intrinsecamente ligadas e são indissociáveis, e que o governante que desprezar tal conexão,  estará fadado à derrocada política.     
Com textos elaborados de forma técnica e crítica, a autora faz análises precisas, que ao longo do tempo se mostraram proféticas. 
É um livro para se ler sem paixões político  ideológicas, e se ater simplesmente aos fatos. Uma excelente escolha de leitura. 

Resenha da Editora

Não há governo que pare de pé quando o governante provoca uma grave crise econômica. Nos últimos dois anos, o Brasil passou por uma recessão severa, com um rombo inédito nas contas públicas. Depois de mais de vinte anos, a inflação voltou a visitar o patamar de dois dígitos. Em agosto de 2016, quando o Congresso afastou definitivamente a presidente Dilma Rousseff, o desemprego abatia mais de 12 milhões de brasileiros. Para a jornalista Míriam Leitão, a crise estava anunciada havia muito tempo, pois o governo fechou os ouvidos a todos os alertas e a todas as críticas, enquanto fazia escolhas desastrosas.O colunismo diário obriga o jornalista ao esforço de tentar ver além dos acontecimentos imediatos. Em A verdade é teimosa, encontram-se 118 textos produzidos desde 2010, quando falar em crise econômica parecia um verdadeiro atrevimento, até novembro de 2016, quando o governo Temer atravessava momentos de grande instabilidade política. Em linguagem clara, Míriam examina os antecedentes que levaram à recessão, à desordem fiscal e à inflação, bem como aos momentos mais agudos da crise em si. O passar do tempo demonstra que não adianta brigar com os fatos, porque a verdade é teimosa e aparece mesmo depois de ser encoberta por malabarismos estatísticos ou retóricos. O texto de Míriam joga luz sobre o passado recente do país, sem perder a esperança no futuro.Com 25 anos de colunismo diário no jornal O Globo, Míriam Leitão é a mais consagrada jornalista de economia do Brasil.Leitura obrigatória para quem deseja compreender em profundidade a situação econômica e política atual.“Míriam nos força a refletir sobre as mazelas da sociedade brasileira.”Edmar Bacha, em O Globo

Sobre o Autor

Miriam Leitão é de Caratinga (MG). História do futuro: o horizonte do Brasil no século XXI é seu terceiro livro de não ficção. Também é autora do romance Tempos extremos, publicado pela Intrínseca em 2014, e de três obras infantis. É jornalista de TV, rádio, jornal e mídia digital. Em quarenta anos de profissão, recebeu diversos prêmios, entre eles o Maria Moors Cabot, da Universidade Columbia, de Nova York. Ganhou o Jabuti de 9Livro do Ano de Não Ficção em 2012 por Saga brasileira.

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Livro: Porcelain. Autor: Richard Melville Hall (Moby). Análise (opinião) literária. Indicação de leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 A obra autobiográfica Porcelain de Richard Melville Hall, mais conhecido por Moby, é um livro prazeroso e de fácil leitura. O autor se utiliza de fluida narrativa para conduzir o leitor pela sua história de vida, e ao mesmo tempo o coloca na cena dos fatos narrados de maneira habilidosa, sendo detalhista e contextualista. As autobiográfias correm sempre o risco de se tornarem massantes e arrastadas em duas situações, quando o biografado não é tão interessante quanto imagina ser, ou quando a narrativa é excessivamente piegas floreando os fatos contados, que são facilmente percebidos pelo leitor. Por isso a boa autobiografia e a que se atém à verdade, mesmo que a verdade não favoreça ao biografado. 

O que posso garantir com relação ao livro de Moby é que ele não comete esses pecados. 

Resenha da Editora

De um dos músicos mais icônicos e fascinantes de nosso tempo, o relato terno, divertido e angustiante de uma trajetória que vai da pobreza e da alienação ao improvável sucesso mundial.

Havia diversas razões para Moby jamais deslanchar como DJ e músico na cena club nova-iorquina. Aquela era a Nova York das boates Palladium, Mars, Limelight e Twilo, a cidade do hedonismo desenfreado regado a drogas, e lá estava Richard Melville Hall, descendente distante do autor de Moby Dick, um garoto branco, pobre e magrelo de Connecticut, cristão devoto, vegano e totalmente careta.

Moby testemunhou em Nova York um submundo cultural atrevido e festivo. Ele encontrou seu espaço e alcançou o sucesso, que logo se mostrou efêmero e cheio de complicações. No desfecho da década de 1990, frente a um fim iminente, acabou criando o álbum que viria a ser o início de uma nova fase espetacular: Play, que vendeu milhões de cópias no mundo todo.

Francas e sem remorsos, as memórias descritas em Porcelain cobrem dez anos da carreira de Moby, da fita demo que o colocou no comando das pickups do porão da recém-inaugurada Mars ao auge retumbante do sucesso. Com uma voz que ressoa honestidade e uma paixão inabalável por sua música, o que Moby faz é tanto uma crônica sobre uma cidade e uma época quanto uma exploração profundamente íntima da busca pelo sucesso. Mais que uma autobiografia, Porcelain é o retrato de um jovem imerso em uma cena cultural extremamente instigante, narrado com o ritmo e a fluidez de um romance da melhor qualidade.

Inclui dois encartes com fotos.

Porcelain, título do livro, é também nome de uma das músicas mais emblemáticas do álbum Play, o grande ponto de virada da carreira de Moby.

Lançado no Brasil apenas uma semana após o lançamento nos EUA, o livro contará com campanhas alinhadas entre editora e gravadora.


“A escrita de Moby é formidável, avivada por um humor impassível e enigmático.” Salman Rushdie


Sobre o Autor


Moby é cantor, compositor, músico, DJ e fotógrafo, e já vendeu mais de vinte milhões de discos no mundo inteiro. Mora em Los Angeles.

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Livro: Você foi enganado. Autores:Cristina Tardáguila e Chico Otavio. Análise (opinião ) literária. Indicação de leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro Você foi enganado, de autoria da jornalista Cristina Tardáguila e do jornalista Chico Otavio é uma obra de pesquisa jornalista, que chama a atenção dos leitores eleitores, para as mentiras a que somos submetidos em época de campanhas eleitorais.

Nós alerta para o fato, de que tal atitude não é modus operandi de um único viés ideológico, mas sim uma prática usual e frequente, da classe política brasileira de modo geral, com possíveis raras exceções. 

A cronologia histórica de mentiras proferidas por nossos políticos, habilmente elaborada pelos autores, nos chama á razão de forma irremediável e definitiva.

Por isso é fundamental o papel desse tipo de narrativa, em que a história é revisada de forma analitica, pois só assim é possível comparamos o que foi dito no passado e o que realmente ocorreu, ou seja,  detectarmos as mentiras a que fomos submetidos. 

Livro altamente recomendado, de leitura agradável. 

Resenha da Editora

Um breve inventário de diversas mentiras contadas pelos políticos brasileiros: o livro para se ter nas mãos em ano de eleição. Sim. Você foi enganado. Ao longo da história do Brasil, candidatos à Presidência da República, vice-presidentes e presidentes eleitos faltaram com a verdade na hora de se dirigir à população. Independentemente de partido, se não mentiram, muitas vezes optaram por omitir dados ou induzir os cidadãos a conclusões equivocadas sobre o cenário político. Em Você foi enganado, os jornalistas Cristina Tardáguila e Chico Otavio apresentam uma seleção de casos que marcaram nossa história, desde 1920 até os dias atuais. Estão no livro episódios emblemáticos envolvendo quinze presidentes: documentos forjados para sugerir uma ameaça comunista; fotos posadas para omitir o grave estado de saúde de governantes; e presidentes que, eleitos, fizeram o oposto do que prometeram veementemente durante o processo eleitoral. Como os autores fazem questão de mostrar, essa característica não é exclusiva da política nacional, mas está presente em diversos países e em diferentes momentos ao longo da história.


Sobre o Autor


Cristina Tardáguila passou pelos jornais O Globo e Folha de S.Paulo e pela revista Piauí, como repórter e editora.

Chico Otavio é jornalista desde 1985, tendo passado pela redação da Última Hora e pela sucursal de O Estado de S. Paulo antes de ingressar no Globo, em 1997.

sexta-feira, 25 de março de 2022

Livro "A coragem de ser imperfeito": Autora: Brené Brown. Análise (opinião) literária. Indicação de leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.

 

O livro A coragem de ser imperfeito, da autora  Brené Brown, pode no início de sua leitura nos parecer um livro tradicionalmente de auto-ajuda, não que no final e ao cabo, não tenha a capacidade de ajudar o leitor a solucionar possíveis conflitos internos e interpessoais, mas a maneira com que a autora, através de intensa pesquisa e de análise criteriosa e de extrema competência dos dados coletados, faz com que aqueles que se dispõem a ler a obra, se distanciem rapidamente da percepção de estarem lendo um livro de auto-ajuda, e os conscientiza que na realidade é uma obra bem elaborada e muito bem embasada, que joga luz sobre questões que afligem por demais as pessoas,  e consequentemente a sociedade de modo geral. 
Na minha opinião é um bom livro, e merece que dedique-mos parte de nosso tempo em sua leitura.
Abaixo uma descrição do livro e curiosidades de sua autora.
PRIMEIRO LUGAR NA LISTA DO THE NEW YORK TIMES.
Como aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é.
Brené Brown ousou tocar em assuntos que costumam ser evitados por causarem grande desconforto. Sua palestra a respeito de vulnerabilidade, medo, vergonha e imperfeição já teve mais de 25 milhões de visualizações.
Viver é experimentar incertezas, riscos e se expor emocionalmente. Mas isso não precisa ser ruim. Como mostra Brené Brown, a vulnerabilidade não é uma medida de fraqueza, mas a melhor definição de coragem.
Quando fugimos de emoções como medo, mágoa e decepção, também nos fechamos para o amor, a aceitação e a criatividade. Por isso, as pessoas que se defendem a todo custo do erro e do fracasso acabam se frustrando e se distanciando das experiências marcantes que dão significado à vida.
Por outro lado, as que se expõem e se abrem para coisas novas são mais autênticas e realizadas, ainda que se tornem alvo de críticas e de inveja. É preciso lidar com os dois lados da moeda para se ter uma vida plena. Em sua pesquisa pioneira sobre vulnerabilidade, Brené Brown concluiu que fazemos uso de um verdadeiro arsenal contra a vergonha de nos expor e a sensação de não sermos bons o bastante, e que existem estratégias eficazes para serem usadas nesse “desarmamento”.
Neste livro, ela apresenta suas descobertas e estratégias bem-sucedidas, toca em feridas delicadas e provoca grandes insights, desafiando-nos a mudar a maneira como vivemos e nos relacionamos.
Sobre Brené Brown:
A Dra. Brené Brown, professora e pesquisadora na Universidade de Houston, há 16 anos estuda a coragem, a vulnerabilidade, a vergonha e a empatia. Ela também é autora de A coragem de ser imperfeito e Mais forte do que nunca, livros que ocuparam o primeiro lugar na lista do The New York Times. Brené é fundadora e CEO da organização Brave Leaders, Inc., que leva a equipes, líderes, empreendedores e promotores de mudanças programas baseados em evidências para fomentar a coragem.

Sua palestra “O poder da vulnerabilidade” é uma das mais vistas de toda a série de conferências TED, tendo sido assistida por mais de 37 milhões de pessoas.

sábado, 5 de março de 2022

O caminho de Istambul: Autor Jorge winheim. Anlise (opinião) literária. Indicação de leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O Caminho de Istambul é um livro para pessoas que gostam de utilizar a leitura para viajarem literalmente, o autor faz de sua obra um veículo para transportar o leitor por lugares fascinantes, e ao mesmo tempo os presenteia com muita informação dos locais visitados.

Jorge Wilheim nasceu em 1928, na cidade italiana de Trieste e aos 12 anos mudou com a família para o Brasil. Faleceu em fevereiro de 2014, aos 85 anos, 60 dos quais dedicados à arquitetura, ao urbanismo, à administração pública, à produção intelectual e às artes. 

O livro é muito interessante e com certeza proporcionará ao leitor, uma experiência literária inesquecível 

Abaixo uma pequena descrição 

"Este é um diário de bordo de muitas viagens, de muitos encontros. As cidades que o autor foi descobrindo: Zanzibar, Lalibela, Asmara, Katmandu, Nairóbi, Marrakesh, Istambul; e as paisagens que o deslumbrou: a savana queniana, os lagos nórdicos, a vastidão siberiana, os bosques coreanos, a cordilheira andina, a fantasmagórica Capadócia e o Bósforo. Viagem também ao passado, do panteão das divindades hindus ao helenismo egeu e aos mundos bizantino, islâmico e otomano. E de encontros marcantes a pontuar o trajeto: dos cautelosamente diplomáticos aos afetuosamente informais.


E viagem ao palco e às coxias das Nações Unidas, desvendando passo a passo a montagem e a operação da conferência mundial sobre o futuro das cidades, que atraiu em 1996, 20 mil pessoas para Istambul, a primeira em que governos aceitaram a presença oficial das ONGs e dos prefeitos, levando o leitor a um mundo no qual coexistem idealismo e oportunismo, política e politicagem, grandeza e mesquinhez".

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Antalogia da política: Autor Augusto Frederico Schmidt. Organizador: José Mário Pereira. Análise (opinião ) literária. Indicação de leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.

 O livro antologia politica de Augusto Frederico Schmidt é um excelente trabalho de pesquisa e organização, feito por José Mário Pereira. Esta antologia reúne os melhores artigos políticos de Schmidt, públicados entre 1947 e 1965 a maioria deles em O Globo mas também no Correio da Manhã e em A Tarde da Bahia entre outros.

Esse é o tipo de obra que você pode até não concordar com aquilo que é dito, e pior ser irremediavelmente antagônico a posição do autor, mas devemos também aceitar que mesmo nessa circunstância, a obra é fundamental para entendermos o panorama político brasileiro no período que os artigos foram escritos 

No entanto quem se propõe a fazer essa leitura, vai necessariamente ser obrigado, até para facilitar a compreensão da obra, conhecer um pouco da trajetória de Augusto Frederico Schmidt, isso é obrigatório porque por ser a obra composta por artigos publicados em jornais da época, e por um longo período, em certo momento necessitamos desse contexto histórico e biográfico para que consigamos amarrar de forma coerente e compreensível os textos. 

Por isso abaixo coloco uma pequena biografia de Augusto Frederico Schmidt, em um primeiro momento pode o leitor achar cansativo e tedioso ler tal biografia, mas garanto que isso facilitará em muita a compreensão da obra.

CPDOC | FGV • Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil

Praia de Botafogo, 190, Rio de Janeiro - RJ - 22253-900 • Tels. (21) 3799.5676 / 3799.5677

Horário da sala de consulta: de segunda a sexta, de 9h às 16h30

Nome: SCHMIDT, Augusto Frederico

Nome Completo: SCHMIDT, AUGUSTO FREDERICO

Tipo: BIOGRAFICO

Texto Completo:

SCHMIDT, Augusto Frederico

*ass. Pres. Rep. 1956-1961.

Augusto Frederico Schmidt nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 18 de abril de 1906, filho de Gustavo Schmidt e de Anita de Azevedo Schmidt. Seu pai, também nascido no Rio de Janeiro, pertencia a família abastada, tendo estudado na Inglaterra. A mãe, baiana, culta e inteligente, incumbiu-se de dar orientação literária aos filhos. Seu avô paterno, o visconde Frederico Augusto Schmidt, tinha uma casa de tecidos no Rio de Janeiro. Seu avô materno, João José de Azevedo, era contador na loja comercial de seu avô paterno.

Schmidt fez os primeiros estudos no Colégio dos Andradas, em sua cidade natal. Devido ao estado de saúde de sua mãe, viajou em 1913 para a Suíça em companhia da família — os pais e duas irmãs —, tornando-se interno do Colégio Champs Soleil, em Lausanne. Com o falecimento do pai em Montreux, também na Suíça, sua mãe deixou o sanatório onde se internara e regressou com os filhos ao Brasil em 1916 para continuar o tratamento em Campos do Jordão (SP). Desde então, Schmidt passou por diversos colégios da capital federal, sem conseguir interessar-se pelos estudos. Em Juiz de Fora (MG) freqüentou o Colégio Granbery, em cujo grêmio literário pôde desenvolver sua inclinação pelas letras. Em 1922, de volta ao Rio de Janeiro, começou a preparar-se para os exames finais que se faziam no Colégio Pedro II, sendo porém reprovado em geografia. Nessa época escreveu alguns poemas e crônicas, publicados em um pequeno jornal, O Beira-Mar, que se editava em Copacabana. Com a morte da mãe, abandonou definitivamente os estudos e empregou-se, pela primeira vez, como ajudante de caixeiro na Casa Barbosa Freitas, passando em seguida a trabalhar na firma Costa Pereira & Cia. segundo ele “sua universidade”, aí permanecendo algum tempo.

Lendo intensamente durante esse período, assistiu entusiasmado à conferência feita em 1924 por Graça Aranha na Academia Brasileira de Letras sobre “O espírito moderno”, em que este criticava justamente o academicismo. Mais tarde afirmaria: “Creio que data daí o meu dinamismo literário e a minha alergia antiacadêmica.”

Durante algum tempo dirigiu a biblioteca do Centro Dom Vital, associação civil para estudo, discussão e apostolado subordinada à Igreja Católica, fundada no Rio de Janeiro em maio de 1922 por Jackson de Figueiredo. Sofreria grande influência desse líder católico, ao lado do qual fundou uma nova revista, Pelo Brasil, de curta duração. Por intermédio de Jackson conheceu também Alceu Amoroso Lima, consagrado crítico literário do O Jornal, do Rio de Janeiro, que se assinava Tristão de Ataíde. Entre ambos cresceu uma grande amizade

Ainda em 1924, aos 18 anos de idade, seguiu para São Paulo, onde se empregou numa firma na rua da Quitanda. Ao sair do escritório, dirigia-se às livrarias Garreaux e Gazeam, nas quais adquiria livros que ia ler à noite em seu quarto de pensão. De 1924 a 1928 permaneceu em São Paulo, ligando-se às figuras mais expressivas, do movimento modernista, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Rui Ribeiro Couto e, especialmente, Plínio Salgado, todos participantes da Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo. Deste último leu, ainda em provas, O estrangeiro, seu primeiro romance social, que seria publicado em 1926 como um dos sucessos literários do modernismo.

Continuando a trabalhar no comércio, Schmidt foi caixeiro-viajante em São Paulo, vendendo aguardente e madeira. De volta ao Rio de Janeiro, tornou-se gerente da Serraria Coccozza, em Nova Iguaçu, onde, silenciadas as serras, lia e escrevia poemas.

No decorrer de 1928, ano de morte de Jackson de Figueiredo e da conversão de Alceu Amoroso Lima ao catolicismo, Schmidt manteve com este, em tom confidencial e íntimo, intensa correspondência. Nessas cartas anunciava o lançamento de seu primeiro livro de poesias, Canto do brasileiro Augusto Frederico Schmidt, cuja publicação, nesse mesmo ano, seria saudada por Alceu como um grande acontecimento literário, “uma voz que se insurgia contra os mandamentos estéticos do modernismo” e que representava, ao lado de José Américo de Almeida e de Jorge de Lima — que lançavam, também em 1928, o primeiro, A bagaceira, e o outro, Esta nega fulô —, “a abertura de uma nova frente literária”. Romântico e nostálgico, na opinião de Alceu, Schmidt seguiu seus predecessores Gonçalves Dias e Casimiro de Abreu, “voltando-se para os grandes temas clássicos da saudade, do amor, da lua, do mar e da morte, tudo que parecia exilado pelo sarcasmo inicial da nova escola”. Dizendo-se, no entanto, decepcionado com os meios literários, que julgava “mais infelizes que os comerciais”, Schmidt confessou a Alceu: “Eu, Augusto Frederico Schmidt, escrevo por vaidade. Eu não posso viver mais no meio de serradores e madeireiros.” Sentia-se solitário em Nova Iguaçu.

Aproximou-se então do padre Leonel Franca e leu a encíclica Rerum novarum, do papa Leão XIII. Em 1929 lançou dois volumes de poesias que o consagraram como poeta, Canto do liberto Augusto Frederico Schmidt e Navio perdido. A partir dessa época passou a colaborar em jornais cariocas, tornando-se crítico literário do Diário de Notícias. Por volta de 1930 adquiriu e passou a dirigir a Livraria Católica, no Rio de Janeiro, que pertencia a Jackson de Figueiredo e onde se reunia um grupo de intelectuais católicos liderados por Amoroso Lima, Heráclito Sobral Pinto e Hamilton Nogueira.

Em outubro de 1930 irrompeu a revolução que conduziu Getúlio Vargas ao poder. Schmidt foi contra o movimento, que, segundo ele, vinha quebrar a “legalidade” e a “ordem” no Brasil. “O horror à revolução, eis uma constante em meu espírito”, diria. Alceu afirmaria que ele e Schmidt permaneceram “unidos por algum tempo, no mesmo espírito contra-revolucionário que Schmidt possivelmente alimentara em seu convívio com Plínio Salgado e eu com o de Jackson no Rio”, mas acrescentaria que “essa afinidade política foi efêmera, pois pouco a pouco Schmidt se encaminhou para a direita e eu para uma ‘esquerda católica’ que ele não admitia”.

De fato, Schmidt participou no Rio de Janeiro de um grupo de intelectuais e estudantes, muitos dos quais freqüentadores da Livraria Católica, que se reuniram em torno de Plínio Salgado. Em 1932 Plínio fundaria a Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento que despertou as simpatias dos meios católicos, mas no qual Schmidt não chegou a militar.

A editora Schmidt e a Coleção Azul

Após a vitória da Revolução de 1930, o Brasil e o próprio movimento revolucionário foram objeto de estudos diversos que refletiam o dilema político-ideológico da época: fascismo ou comunismo.

Em 1931, funcionando inicialmente nos fundos da Livraria Católica que dirigia, Schmidt fundou uma editora — a Schmidt Editora —, responsável pelo lançamento de muitos nomes que se tornariam famosos nas letras nacionais. Também nesse ano lançou a revista As Novidades Literárias, que mais tarde reapareceria sob o título Literatura. Sua editora lançou ainda a Coleção Azul, que, entre outubro de 1932 e junho do ano seguinte, editou cinco livros que ficaram famosos como um esforço de reflexão sobre a realidade brasileira: Brasil errado, de Martins de Almeida, Introdução à realidade brasileira, de Afonso Arinos de Melo Franco, O sentido do tenentismo, de Virgínio Santa Rosa, A gênese da desordem, de Alcindo Sodré, e Psicologia da revolução, de Plínio Salgado.

Entre os autores publicados pela Editora Schmidt figuraram Otávio de Faria (Maquiavel e o Brasil), Jorge Amado (O país do carnaval), Marques Rebelo (Oscarina), Raquel de Queirós (João Miguel), Graciliano Ramos (Caetés), Gilberto Freire (Casa grande e senzala), Leonel Franca (Ensino religioso e ensino leigo e Catolicismo e protestantismo), Virgílio de Melo Franco (Outubro de 1930) e Alceu Amoroso Lima (Problema da burguesia, Preparação à sociologia, Debates pedagógicos e Estudos, 4ª série).

Schmidt editou também vários autores integralistas: Plínio Salgado (Doutrina do sigma, O que é o integralismo), Olbiano de Melo (Razões do integralismo, concepção do estado integralista), Osvaldo Gouveia (Brasil integral), Olímpio Mourão (Do liberalismo ao integralismo), Miguel Reale (Atualidade brasileira) e Gustavo Barroso (O integralismo em marcha).

Em 1934 Schmidt casou-se com Ieda Ovalle Lemos, sobrinha do poeta e compositor Jaime Ovalle, e a ela dedicou seu livro de maior repercussão, Canto da noite. Em 1940 voltou à poesia com A estrela solitária. Já famoso, daí por diante produziu diversas obras poéticas.

Sempre ligado à atividade literária, participou, em janeiro de 1945, como delegado do Distrito Federal, do I Congresso Brasileiro de Escritores, reunido em São Paulo sob os auspícios da Associação Brasileira de Escritores e que assumiu o caráter de uma manifestação coletiva da intelectualidade contra a ditadura do Estado Novo.

O homem de negócios

Schmidt acentuou certa vez que antes de ser poeta já vivia do comércio. Fundou diversas empresas, que dirigia paralelamente à sua atividade jornalística, escrevendo sobre tudo acerca de problemas políticos e econômicos do Brasil na imprensa diária do Rio de Janeiro.

Prosperou sempre e, a seguir, ingressou nos ramos do cimento, dos pneumáticos e na indústria de alimentos, lutando pelo que chamou “tese do enriquecimento nacional”. Apontado como testa-de-ferro de interesses multinacionais no Brasil, atribuía tais acusações a “um preconceito típico dos países subdesenvolvidos, de formação católica”, que consistia na “recusa em aceitar que um poeta pudesse abastardar essa condição, acrescentando-lhe a de homem de negócios”.

Em 1951, por ocasião da visita ao Brasil do norte-americano Eugene Black, presidente do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), Schmidt defendeu nas colunas do Correio da Manhã a idéia de que o auxílio norte-americano era necessário ao desenvolvimento econômico do Brasil “para evitar que o país resvale para a desordem, para a asificação e para uma trágica proletarização propícia à sujeição comunista”. Considerava a riqueza e os grandes empresários que a detinham como a alavanca do progresso e veículos do desenvolvimento, recusando-se a tomá-los a priori como instrumentos ou agentes de fraude e corrupção. Ao sustentar com desenvoltura essas e outras opiniões, Schmidt foi acusado de indiferença para com o problema específico da corrupção administrativa, quando não de beneficiário dela.

Os interesses multinacionais e associados iriam crescer de maneira rápida e estável no país, estimulados pela política de desenvolvimento de Juscelino Kubitschek. Segundo Renê Dreyfuss, uma das formas organizacionais básicas através das quais o bloco de multinacionais expressaria seus interesses comuns foi a criação de escritórios de consultaria tecno-empresarial. Uma dessas agências mais importantes pertenceu a Augusto Frederico Schmidt, sob o nome de Estudos Técnicos Europa-Brasil, que operava com empresas em geral ligadas à indústria química.

A atividade empresarial de Schmidt foi intensa e vária: promoveu a instalação dos Supermercados Disco, no Rio de Janeiro, foi sócio, presidente e diretor da Sociedade de Expansão Comercial (Sepa), da Meridional Companhia de Seguros de Acidentes de Trabalho, da Comércio e Importação de Produtos Americanos (Sacipa), da Instaladora de Frio, da Brasil-Canadá Comércio e Indústria, da Orquima e outras, tendo empreendido várias viagens de negócios aos Estados Unidos e à Europa.

Assessor de Kubitschek

Schmidt aproximou-se de Juscelino Kubitschek por intermédio de Paulo Bittencourt, proprietário e diretor do Correio da Manhã, matutino carioca em que escrevia e que apoiou o candidato pessedista à presidência da República no curso de sua tumultuada campanha, contra a qual se opuseram os udenistas e os setores militares a eles ligados.

Schmidt empenhou-se na luta ao lado de Kubitschek, aproximando-o do empresariado a fim de obter recursos para financiar a campanha. Por outro lado procurou neutralizar as resistências ao candidato surgidas na área internacional, sobretudo após a inclusão na chapa presidencial do vice João Goulart, presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e considerado o herdeiro político de Vargas. O apoio dos comunistas a Kubitschek criou sérias dificuldades no país e no exterior, onde, também pela interferência de Schmidt, acabaram sendo contornadas. Vitoriosa a chapa Juscelino-Goulart nas eleições de outubro de 1955, a União Democrática Nacional (UDN), lançando mão de seus últimos recursos, tentou impedir a posse dos eleitos, mas foi barrada pelo Movimento do 11 de Novembro de 1955, liderado pelo ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott. A posse ocorreu afinal em 31 de janeiro de 1956.

Em abril desse mesmo ano, sob a presidência do deputado mineiro Gabriel Passos, da UDN, instalou-se na Câmara dos Deputados uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para proceder às investigações sobre o problema de energia atômica no Brasil. Na qualidade de membro da diretoria da Orquima, empresa que operava no Brasil na industrialização e exportação do tório, mineral de alto valor estratégico, Schmidt foi chamado a depor. A CPI encontrou, em quase todos os documentos relativos aos acordos de exportação de tório, referências às gestões da Orquima. Não pôde, no entanto, apurar a identidade dos acionistas da empresa, pois Schmidt negou-se a revelá-la.

Em seu depoimento, Schmidt preconizou a revogação da Lei nº 1.310, de 15 de janeiro de 1951, que estabeleceu o monopólio estatal do comércio externo dos principais minérios atômicos, urânio e tório, e fixou severas restrições à sua venda. Criticou também as “teorias suicidas de que o Brasil não pode exportar”. Apesar de tais restrições, a Orquima expandira notavelmente suas instalações, tendo sua diretoria lutado sempre contra as resistências opostas à exportação do tório. O relatório final da CPI sobre energia atômica, redigido pelo deputado Dagoberto Sales, foi aprovado em março de 1958.

No âmbito do governo Kubitschek, Schmidt foi um dos mais prestigiados assessores, cabendo-lhe o comando ostensivo da Operação Pan-Americana (OPA), iniciativa brasileira em cuja promoção se empenhou, tentando atrair investimentos norte-americanos para um programa de desenvolvimento econômico e social da América Latina sob a liderança do Brasil. A OPA teve como ponto de partida carta datada de 28 de maio de 1958, enviada pelo presidente Kubitschek ao presidente norte-americano, Dwight Eisenhower, após as manifestações hostis ao vice-presidente Richard Nixon por ocasião de sua visita aos países sul americanos. Da carta-resposta de Eisenhower datada de 5 de junho, declarando-se favorável à idéia geral proposta pelo Brasil, nasceria a OPA.

No dia 20 de junho de 1958, Kubitschek pronunciou o primeiro de uma série de discursos tratando da OPA, perante os chefes das missões diplomáticas no Rio de Janeiro, com a presença das mais altas autoridades federais. Em julho, insistia em que, de acordo com os objetivos fundamentais da OPA, a luta contra o subdesenvolvimento da América Latina implicaria a segurança do continente e uma ligação política com os Estados Unidos para um programa estratégico de defesa do hemisfério.

Em agosto, o governo lançou oficialmente a OPA, transmitindo às repúblicas americanas, através de suas embaixadas no Rio de Janeiro, um memorando em que esclarecia a definição, as características e os objetivos da operação ao lado de sugestões para o seu processamento. Nesse mesmo documento, tornado público poucos dias após, era proposto um temário para as reuniões preparatórias da OPA. Considerou-se então a oportunidade de se criar uma comissão especial do conselho da Organização dos Estados Americanos (OEA). No mês de novembro foi assim instalado na sede da OEA, em Washington, o Comitê dos 21, organização formada pelos representantes dos países do continente americano que aderiram à OPA, buscando viabilizá-la.

Schmidt participou de todas as negociações fechadas e chefiou a delegação brasileira ao Comitê dos 21 em suas várias reuniões, que visavam à criação da OPA. Empenhou-se então, segundo suas próprias palavras, em fazer cair o “muro do silêncio” entre a opinião pública norte-americana e a América Latina.

Durante o ano de 1959, apesar do empenho do governo brasileiro para que fossem aprovados os objetivos da OPA, a meta prioritária do governo norte-americano foi reprimir o comunismo. A vitória da Revolução Cubana em janeiro desse ano e a ascensão de Fidel Castro ao poder resultaram em inevitável alteração das relações dos Estados Unidos com a América Latina. Assim, o governo norte-americano aprovou um sistema de quotas para a fundação do que, em dezembro de 1959, constituiria o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), organismo financeiro para o desenvolvimento continental. Ao mesmo tempo, comprometeu-se a apoiar moral e materialmente a criação de um mercado comum latino-americano, que em 1960 se concretizaria na Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC).

Antes do término do mandato de Kubitschek, Schmidt teve destacada atuação como chefe da delegação brasileira à XIV Assembléia Geral das Nações Unidas e como presidente do Comitê dos 21 na Conferência de Bogotá, na Colômbia. A OPA, no entanto, não foi adiante, devido ao desinteresse dos Estados Unidos, que, ao invés de beneficiar uma iniciativa latino-americana, preferiu lançar, no início da década de 1960, sua própria campanha, a Aliança para o Progresso.

Como assessor de Kubitschek, Schmidt defendeu na imprensa e no cenário diplomático a tese do desenvolvimento econômico. Embora fosse considerado o verdadeiro idealizador da OPA e gozasse de inequívoco prestígio junto ao presidente da República, não conseguiu ser nomeado ministro de Estado talvez em razão da oposição e das críticas que sofreu, sobretudo do chamado setor nacionalista das forças armadas, que sempre condenou duramente seus interesses internacionais no terreno dos negócios. Schmidt foi, portanto, no governo Kubitschek, o que se poderia chamar de “homem dos bastidores”. Obteve afinal uma representação no Mercado Comum Europeu, missão não criada por lei, o que dispensou o governo de submeter seu nome à aprovação do Senado Federal.

No IPÊS

Após o término do qüinqüênio Kubitschek, já não mais no centro do poder, Schmidt filiou-se ao Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPÊS), organização de empresários estruturada no decorrer de 1961 no Rio de Janeiro com o objetivo de “defender a liberdade pessoal e da empresa, ameaçada pelo plano de socialização no seio do governo” e que contou com o apoio dos jornais cariocas O Globo, Jornal do Brasil e Correio da Manhã.

A partir de agosto de 1962 teve intensa participação no Grupo de Publicações Editorial (GPE), que reuniu vários profissionais da mídia, do mundo literário, de agências de publicidade e um grupo de militares encabeçado pelo general Golberi do Couto e Silva. O GPE escrevia, traduzia e distribuía material impresso anticomunista, bem como publicava artigos e panfletos que escolhia. Através da Unidade de Editorial, inseria comentários, debates e opiniões na imprensa e elaborava editoriais, divulgava notícias, enfim, disseminava a “literatura democrática”.

No final do governo, participou de um memorável debate televisionado com o líder comunista Luís Carlos Prestes.

A revolução de 1964: adesão e frustração

Schmidt sustentou sua última batalha escrevendo violentamente contra o governo do presidente João Goulart. Segundo Murilo Melo Filho, Schmidt foi um dos artífices do movimento político-militar de 31 de março de 1964, que depôs o presidente, inaugurando uma série de governos militares no país

Amigo pessoal do general Humberto Castelo Branco, primeiro presidente após a revolução de 1964, Schmidt, no entanto, não foi aproveitado por ela, fato que lhe causou profundo desagrado. Em julho de 1964, foi surpreendido com a cassação do mandato do ex-presidente Juscelino Kubitschek, então senador, ato punitivo que proclamava ser “injusto” e constituiu “um erro imperdoável”.

Morreu no Rio de Janeiro no dia 8 de fevereiro de 1965.

Em sua memória, foi fundada no Rio de Janeiro a Sociedade dos Amigos de Augusto Frederico Schmidt.

Publicou, além dos livros citados, Pássaro cego (1930), Desaparição da amada (1931), Mar desconhecido (1942), O galo branco (1948, 2ª ed. 1956), Fonte invisível (1949), Mensagem aos poetas novos (1950), Paisagens e seres (1951), Ladainha do mar (1951), Os reis (1953), Poesias completas (1956), Aurora lívida (1958), Babilônia (1959), As florestas (1959), Antologia poética (1962), Antologia de prosa (1964), O caminho do fim (1964) e Prelúdio à revolução (1964).

Vera Calicchio

FONTES: BANDEIRA, L. Presença; BOSI, A. História; Canto; CARDOSO, M. Ideologia; CARONE, E. Coleção; COELHO, J. Dic.; CONG. BRAS. ESCRITORES. I; CORTÉS, C. Homens; DREIFUSS, R. Conquista; Elite; Encic. Mirador; FRANCO, A. Alma; Grande encic. Delta; Jornal do Brasil (2/2/75, 17/4/76 e 8/2/77); KUBITSCHEK, J. Exposição; KUBITSCHEK, J. Mensagem; KUBITSCHEK, J. Meu; LEVINE, R. Vargas; LIMA, A. Estudos; LIMA, A. Evolução; LIMA, A. Meio; LIMA, A. Memórias; LUFT, C. Dic.; MENESES, R. Dic.; NASSER, D. Revolução; OLIVEIRA, L. Romance; Rev. Bancária Bras. (11/51); Rev. Bras. Pol. Internacional (1959 e 1960); RIBEIRO FILHO, J. Dic.; SALES, D. Razões; SCHMIDT, A. Caminho; SCHMIDT, A. Prelúdio; Senhor (1/64); SILVA, H. 1935; TAVARES, J. Radicalização.