sábado, 29 de janeiro de 2022

Autor: José de Alencar. Análise (opinião) literária. Indicação de leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O romance til, de José de Alencar, é um livro para se ler com a alma desarmada. O romance escrito em 1871 conta de forma prazerosa e com  linguagem inovadora, desvinculando-se da literatura portuguesa, que se tinha como padrão na época, a história de"til", apelido de Berta, personagem central do romance e típico arquétipo da heroína romântica.
Jose de Alencar foi um escritor que registrou em suas obras as inovações da Lingua Portuguesa no Brasil.
O romance é dividido em duas partes, em um primeiro momento, o autor usando uma narrativa em terceira pessoa, faz à  apresentação das personagens e das tramas, também na primeira parte do romance, fica explícita a personalidade da personagem principal Berta (cujo apelido é til) sempre movida por boas intenções, ela usa de sua influência e bondade para manipular as outras personagens.
A segunda parte fica reservada a desatar os nós da trama, revelando seus enigmas. Os cenários deixam de ter uma descrição objetiva e material para adquirir um significado mais subjetivo, relacionado ao passado oculto das personagens. 
A ação de “Til” ocorre na Fazenda das Palmas, localizada na região de Campinas, interior do estado de São Paulo, e transcorre temporariamente a partir de 1826.
Outra coisa que chama a atenção é como o autor, de forma contundente e empolgada descreve a paisagem natural onde se desenrola a trama, ficando claro para o leitor a preocupação ( já na época em que o livro foi escrito) com a natureza e a fascinação que a mesma causava.
A narrativa se utiliza fartamente de termos regionais da época, que demanda do leitor atenção redobrada e contextualizada para facilitar a interpretação do que é escrito. 
A obra de José de Alencar "til", é sem dúvida uma obra essencial. 

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Osvaldo Monteiro: música : "metade"

Música de boa qualidade, simplesmente isso!!



 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Autores: Alex Goldfarb e Marina Litvinenko. Analise (opinião ) literária. Indicação de leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.

 

O livro "Morte de um Dissidente" trata da morte de"Sacha" Litvinenko, o ex-agente da FSB (a antiga KGB). Sacha foi envenenado por uma substância raríssima, o polônio-210, e enquanto agonizava diante das câmeras de todo o mundo, acusou Putin de ser o mandante do crime. A história é narrada por Goldfarb amigo próximo da família de Litvinenko e Marina Litvinenko, viúva de "Sacha".
De narrativa dinâmica e detalhada, os autores nos prendem a história contada, de forma definitiva, ao jogarem luz sobre a vida e a trajetória política de um personagem que todos com certeza têm muita curiosidade, e consequentemente muitas perguntas que gostariam que fossem respondidas, esse personagem é Putin, o"eterno", ( Pois é essa a impressão que todos têm) presidente da Russia. 
Os autores contam, sempre é claro do seu ponto de vista, as mazelas nos bastidores da política Russa logo após a queda do regime comunista, e como Putin soube se utilizar do passado político da Rússia e sua estrutura, como estratégia para se adaptar a nova realidade do país, em que o poder financeiro havia mudado de mãos com as privatizações pós queda do regime comunista. 
Fica também muito claro para os leitores, segundo a narrativa imposta, a astúcia do líder russo em manipular fatos e situações, com frieza e sem escrúpulos. 
A leitura é fundamental para quem quer entender um pouco mais sobre a história recente desse intrigante país que é a Rússia, é  claro, sempre com um olhar crítico, pois quem aqui relata os fatos fez parte dessa história, e como sabemos as histórias sempre têm vários lados, cada um de mirante diferente, no entanto a verdade é só uma, será?.
Recomendo a leitura, pois independente das visões,  o livro trás muitas informações. 

Abaixo uma pequena descrição:

"Em outubro de 2000, o biólogo e ativista político Alex Goldfarb recebeu um telefonema de seu amigo Boris Berezovski, o empresário russo que, depois de tornar-se uma das pessoas mais ricas e poderosas do país, caíra em desgraça e fora obrigado a exilar-se na França. O assunto do telefonema era Alexander "Sacha" Litvinenko, o ex-agente da FSB (a antiga KGB) que, anos antes, tornara-se famoso ao afirmar - em uma coletiva de imprensa, rodeado de agentes mascarados - que altos funcionários da FSB planejavam assassinar Berezovski. Na época, o presidente da FSB era o até então desconhecido Vladimir Putin. Litvinenko foi punido à moda antiga: abriu-se um processo em que a FSB o acusava de ter agredido um suspeito, e Litvinenko acabou preso, foi libertado meses depois e em seguida voltou para trás das grades, réu de uma acusação semelhante. Goldfarb conhecia o caso. Quando ainda trabalhava para o megainvestidor americano George Soros, tentara em vão entrevistar Litvinenko, como parte de um programa para erradicar a tuberculose das prisões russas. Soube, por Berezovski, que Sacha, sentindo-se cada vez mais ameaçado, fugira para a Turquia com a mulher e o filho, e precisava de ajuda. Goldfarb, ele mesmo um dissidente da época do comunismo, não hesitou e partiu em seguida para o sul daquele país, onde os três estavam escondidos. Em uma seqüência de eventos que em muito lembra um romance de John le Carré, Goldfarb conduziu os Litvinenko até Ancara, depois Istambul e então para a Inglaterra, onde planejavam pedir asilo político. Após algumas semanas turbulentas, quando ainda pairava o fantasma da deportação, a Inglaterra os acolheu e, com ajuda financeira de Berezovski, os Litvinenko se estabeleceram em Londres. Seis anos depois, Sacha foi envenenado por uma substância raríssima, o polônio-210".

Um livro publicado pela editora Companhia das letras, primeira edição (11 de julho 2007).

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

"Viagens na minha terra": Autor: Almeida Garrett. Análise ( opinião) literária. Indicação de leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.

O livro "Viagens na minha terra", é sem dúvida alguma uma leitura muito difícil de se fazer, quando digo difícil, me refiro sim, a dificuldade de compreensão que a narrativa nos impõe. A obra foi publicada originalmente em folhetins na Revista Universal Lisbonense entre 1845 e 1846, sendo editada em livro apenas em 1846. Tida como obra única no Romantismo português por sua estrutura e linguagem inovadoras, Viagens na minha terra é um marco para a moderna prosa portuguesa e um importante documento de referência para entender a decadência do império português. Uma mistura entre literatura de viagem, autobiografia, reportagem, crítica política e romance histórico, faz com que o leitor que por ventura se atreva a encarar essa obra, tenha que fazer antes uma imersão, em todo o contexto histórico que envolve o período anterior a elaboração do livro.

Comecemos então por contar um pouco da história do autor. 

Almeida Garrett nasceu na cidade do Porto, Portugal, em 1799, com o nome de batismo de João Leitão da Silva. Durante sua época de estudante de Direito, em Coimbra, passou a adotar o nome que o tornaria célebre: Almeida Garrett. Participou da revolução liberal e ficou exilado na Inglaterra em 1823. Durante esse tempo, casou-se e teve contato com o movimento romântico inglês. Em 1824 mudou-se para França e escreveu Camões e Dona Branca, obras que inauguraram o romantismo português. Ávido defensor do liberalismo, Almeida enfrenta outros diversos exílios ao longo dos anos.

Após retornar definitivamente a Portugal, passa a incentivar a literatura e o teatro, escrevendo inúmeros livros e peças teatrais. É dele, por exemplo, a iniciativa de criar o Conservatório de Arte Dramática e o Teatro Normal (atualmente Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa). Faleceu em Lisboa no dia 9 de dezembro de 1854.

A revolução liberal da qual participou Almeida  Garrett, se deu na cidade do Porto em Portugal,  foi um movimento ocorrido em 1820.

Entre várias reivindicações, os integrantes exigiam a promulgação de uma Constituição e a volta da Corte portuguesa que se encontrava no Brasil.

A Família Real Portuguesa, em 1808, havia se deslocado para sua colônia na América devido às invasões napoleônicas.

Tomando ciência desses fatos, fica facilitada, (mas alerto de antemão que não muito) à  compreensão da história contada por esse estupendo autor. 

Para facilitar a sua caminhada na leitura dessa incrível obra, apresento uma pequena descrição. 

"Viagens na minha terra é um relato da viagem verídica empreendida por Almeida Garrett de Lisboa a Santarém. Numa prosa fluida, espontânea e aparentemente despretensiosa, que visa a cooptar o leitor constantemente, fazendo uso de vocativos, Almeida Garrett comenta os lugares por onde passa e, entre uma reflexão e outra, critica o atraso tecnológico do país, a literatura que falseia a realidade, as más condições das estradas e hospedarias, a maneira dos homens públicos de governar; enfim, divaga sobre diversos temas, fazendo uso constantemente de ironias. Além da digressão, a obra de Garrett introduz outro recurso inédito na literatura portuguesa, a “narrativa dentro da narrativa”: em meio ao relato da viagem, o narrador conta a história romanesca de Carlos, jovem liberal e progressista, e Joaninha, típica heroína romântica: íntegra, pura e fiel a seu amor. Viagens na minha terra é obra singular da Literatura Portuguesa".

A edição do livro na foto acima e da editora Lafonte, publicado em 2020.

Leitura difícil, mas muito prazerosa, tenham uma boa leitura.