sábado, 26 de setembro de 2015

Até para ter direto a indignação, devemos ser éticos.


   A ética da indignação

As palavra ética e moral nunca foram tão ditas,  escritas e interpretadas como agora. A constatação de que moramos em um país assolado pela corrupção, pela ladroagem e falcatruas, nos acordou de um sono de alienação conveniente. Dizer que estamos estarrecidos e surpresos com as ultimas revelações que todos os dias nos são apresentadas, é no mínimo hipocrisia.
Não estou dizendo que somos hipócritas na análise literal da palavra de que estamos fingindo um sentimento, a indignação, mas sim que a nossa indignação é na maioria das vezes balizada pela nossa conveniência.
Os fatos que hoje nos estarrecem já á muito tempo são ditos, escritos e interpretados pela nossa sociedade, podemos alegar em nossa defesa, que o aumento da indignação se deu porque hoje as falcatruas e a ladroagem foram comprovadas de maneira irrefutável, mas em outras ocasiões provas cabais também foram apresentadas a sociedade, sobre malfeitos cometidos pelos nossos governantes, mas o que se percebia era uma indignação moderada e permissiva por parcela considerável da sociedade em relação aos fatos.
É incontestável que parte significativa da sociedade brasileira, de forma velada e até inconsciente, nutria certa admiração por indivíduos que de alguma maneira conseguiam ascensão social e financeira, mesmo que para isso relegassem há segundo plano, preceitos éticos. Esses indivíduos conseguiam tal façanha porque de alguma maneira suas atitudes iam ao encontro do que boa parte da sociedade brasileira pensa, ou pelo menos pensava, "os fins justificam os meios". Os fins em questão podem ser entendidos como dar uma vida melhor para si e sua família, ou mesmo alcançarmos de forma definitiva o status de país desenvolvido, que possua uma distribuição de renda eficiente e igualitária.
O problema é que os meios utilizados pelos indivíduos em questão foram tão devastadores do ponto de vista da moralidade, que até os mais céticos contestadores da honestidade da nossa classe política se surpreenderam.
A indignação do povo brasileiro agora aparenta ser plena e completa, e não mais parcial e tolerante. E o que provocou tal mudança?
É que as palavras que mais são ditas hoje além de ética e moral são, crise económica, recessão, perda de renda, desemprego e aumento de impostos. Ou seja, os fins não justificaram os meios.
Até para nos indignarmos devemos ser éticos.

Autor:: Mário Rui Baptista