domingo, 23 de maio de 2010

Filhas, desafio de pai

És pai? tens uma filha?
Então o poema abaixo lhe dirá algo.


Filha

És filha,

Sou pai.

És ousadia,

Sou amor de mais.


És às vezes prepotente,

Sou às vezes incompreensível.

És enfrentamento,

Sou impulsivo.


És desafio,

Sou desafiado.

És missão de vida,

Sou por ti testado.


És às vezes meiga, delicada,

Sou às vezes carinhoso.

És contudo um presente,

Sou deveras cuidadoso.


És o que és,

Sou o que devo ser.

És assim porque és filha,

Sou assim pelo dever.


Autor: Mário Rui Baptista

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A difícil tarefa de ser eleitor

Com a proximidade das eleições, nos eleitores, nos sentimos cada vez mais pressionados a efetivamente escolhemos os nossos candidatos, com consciência e propriedade, no entanto tal tarefa se mostra cada vez mais difícil. O artigo abaixo mostra como a nossa tarefa não será fácil.
Esse artigo foi publicado no Globo Online no dia 4 de Maio de 2010




A difícil tarefa de ser eleitor

A largada para a corrida presidencial foi efetivamente dada. Os principais pré-candidatos já estão desvencilhados das amarras que lhes eram impostas pelos cargos que ocupavam. E o que se notou, foi um aumento quase que imediato na temperatura dos discursos proferidos, isso é um indicio de que a eleição para presidente da republica será uma das mais aguerridas por nós presenciadas. Com certeza todas as armas serão utilizadas, para que os postulantes ao mais poderoso cargo do país, consigam o seu intuito. Mais uma vez o protagonista da história é o eleitor, agora o nosso descontentamento será ouvido, a nossa opinião será levada em conta, enfim, nós somos à parte a convencer.

No entanto, ser protagonista nesse processo, nos trás um ônus deveras penoso. Como eleitor consciente, a atitude de nós esperada, é que analisemos com propriedade todos os candidatos que se apresentam. Contudo, tal tarefa mostra-se cada vez mais difícil dada à qualidade dos pretendentes, e também em virtude das desilusões pelas quais o eleitorado brasileiro tem amargado, no que diz respeito às falcatruas e a falta de honestidade de parcela significativa da classe política brasileira. Apesar disso, defensor ferrenho que sou da democracia, conclamo a todos que controlem a ânsia de vomito que a política brasileira tem nos causado nos últimos tempos, e analisem com cautela o atual quadro político.

No caso especifico do pleito parta presidente da Republica, o cenário político já está bem definido. Temos a pré-candidata da situação, Dilma Rousseff, pré-candidatura essa, que nos foi imposta, alicerçada única e exclusivamente na elevada auto-estima de nosso atual Presidente da Republica, Luis Inácio Lula da Silva, que considera que a sua popularidade terá a capacidade de içar ao mais alto cargo publico desse país, qualquer pessoa que por ventura lhe apeteça. Sua candidata, que jamais se elegeu a cargo algum, e que luta bravamente contra o estigma de ser uma pessoa prepotente, antipática, radical e autoritária, vê o seu brilho (pelo menos o que julga ter) ofuscar-se, quando o padrinho popular e populista, não esta por perto. Portanto, Dilma Rousseff é uma incógnita até mesmo para seus aliados.

Já na oposição,(leia-se ai PSDB e aliados), temos o pré-candidato José Serra, experiência política não lhe falta, os cargos que ocupou, e o seu desempenho a frente dos mesmos, valeram-lhe o respeito de boa parte da população brasileira, e até mesmo de alguns de seus adversários políticos. No entanto falta-lhe o carisma e o jogo de cintura que um candidato à presidência da republica deve ter. Seus críticos também alegam que ele terá muita dificuldade em governar o país, pois é avesso a delegar poderes, e tem enorme dificuldade na elaboração de acordos políticos, virtude essencial para quem pretende governar um país, em que as forças políticas são por demais fragmentadas, e sem identidade ideológica definida.

Correndo por fora, temos a senadora Marina Silva, pessoa de caráter irreparável, que defende seus ideais e suas convicções com uma perseverança invejável, perseverança essa, rara no atual panorama político nacional, visto a facilidade com que políticos abandonam seus posicionamentos, em troca de benesses, e sobre vida política. Marina Silva preferiu abandonar seus antigos aliados, a abandonar seus princípios. A pergunta é: Como ela sobreviveria em terreno tão inóspito às ideologias, como é o território da atual política nacional?. Pasmem, hoje no Brasil, ser coerente pode ser um grave defeito.

Quanto a Ciro Gomes, que acaba de abandonar a corrida presidencial, estava apenas incorporando o personagem que há muito tempo interpreta, “O eterno candidato”. Avalizado por um respeitável prestigio político, e uma incontestável capacidade de angariar um percentual expressivo de votos, lançou-se a pré-candidato, mesmo contrariando os interesses de seu partido, primeiro por que estava descontente com o Presidente da Republica, Luis Inácio Lula da Silva, a quem serviu com prestatividade, e queria em troca o privilégio de ser o seu candidato a sucessão presidencial. Quando foi frustrado em seus planos, rebelou-se, e tentou criar um fato novo com a sua pré- candidatura, a intenção era ser o fiel da balança, e com isso conquistar espaço político. Mas mais uma vês seus planos foram por água abaixo, pois contrariavam interesses maiores de seu partido. Arrumaram-lhe então, uma saída honrosa.

Como podemos perceber, não será nada fácil exercermos o nosso dever nessas eleições, a partir de agora seremos “bombardeados” por todos os lados com propaganda política elaborada pelos mais renomados publicitários do país, contratados a peso de ouro. Candidatos tentarão a qualquer preço, omitir seus defeitos e enaltecer suas virtudes, mesmo que não as tenham. Nesse jogo político somos agora peça fundamental para que o mesmo aconteça, mas ao termino da contenda, continuaremos a implorar por tudo aquilo que nos é de direito.

Autor: Mário Rui Baptista