terça-feira, 15 de agosto de 2023

Livro: "É Possível Salvar a Europa?". Autor: Thomas Piketty. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro " É Possível Salvar a Europa?" do autor Thomaz Piketty, por ser uma coletânea de crônicas tinha tudo para ser enfadonho e cansativo, porque esse tipo de  livro que tem como tema assuntos técnicos, como é o caso do livro em questão, corre grande risco disso.

O fato no entanto, é que o autor conseguiu fazer que um assunto tão complexo como economia, se torna-se palatável aos leigos, de forma que o leitor se sente confortável ao ler as crônicas por ele publicadas.

Ao longo de suas crônicas o autor não só faz uma análise dos problemas econômicos da França e da Europa do período de recessão desencadeada entre 2007-2008, como também faz uma análise política do período. De forma competente, o autor traça um parâmetro entre os problemas econômicos por ele levantados, e questões  políticas que "ajudaram" à criar tal situação, ou na melhor das hipóteses, que impediram que a situação tivesse uma solução satisfatória. 

Talvez uma coisa que pode incomodar o leitor que por ventura não esteja acostumado a ler livros de coletâneas de textos, é a repetição de análise de alguns temas, isso se dá, por serem crônicas publicadas ao longo de um período, e serem análises dos fatos imediatamente ocorridos, por isso as vezes  assuntos são retomados, mas quando os textos são bem elaborados e bem embasados, como é o caso da obra em questão, em nada desabona sua qualidade. 

Percebe-se ao longo da leitura sem muita dificuldade, a indignação do autor com a desigual taxação de impostos entre as diversas camadas sociais, e é categórico ao afirmar " Os ricos pagam muito menos impostos do que as classes menos favorecidas". Alguém por ventura teria embasamento técnico teórico para desmentir tal afirmação?.

Descrição da Editora:

  Reunião de crônicas mensais publicadas no jornal Libération de setembro de 2004 a dezembro de 2011, É possível salvar a Europa? traz as análises e os pensamentos de Thomas Piketty sobre o continente europeu durante um período profundamente marcado pela crise financeira mundial desencadeada em 2007-2008.

O autor discorre sobre questões de grande peso para o cenário econômico atual, como o papel desempenhado pelos bancos centrais para evitar o colapso da economia mundial e as semelhanças e diferenças entre a crise irlandesa e a grega. Além disso, aborda temas classicamente domésticos, como justiça fiscal, reforma da previdência e o futuro das universidades.

Todos esses assuntos, porém, orbitam grandes questões centrais: Estará a União Europeia à altura das esperanças nela depositadas? A Europa voltará a ser a potência continental e o espaço de soberania democrática, retomando assim o controle de um capitalismo globalizado que se tornou desvairado? Ou será, mais uma vez, apenas um instrumento tecnocrático da desregulamentação, da concorrência generalizada e do rebaixamento dos Estados perante os mercados?

Respostas a essas e outras perguntas são propostas pelo autor nas mais de oitenta crônicas do livro, marcadas pela linguagem prática e acessível que torna suas publicações objeto do interesse não só de políticos e economistas, mas do público em geral.

Sobre o autor:

Thomas Piketty é um professor e economista frances, nascido no dia 7 de maio de 1971 em Clichy, cidade localizada à noroeste de Paris. Estudou Matemática e Economia na Escola Normal Superior de Paris e com 22 anos concluiu o doutorado em Filosofia. Sua tese era sobre redistribuição de renda e foi escrita na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais em Paris e na Escola de Economia de Londres. Na época ele já recebia ofertas de emprego do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), da Universidade de Harvard e da Universidade de Chicago. Optou pelo prestigiado MIT e mudou-se para Cambridge, nos Estados Unidos. Lá lecionou como professor assistente de 1993 a 1995. Na sequência retornou a Paris onde permaneceu durante três anos pesquisando nos arquivos do porão do Ministério das Finanças francês. Selecionou e organizou muitos dados sobre renda, herança e legislação tributária que estavam em pastas antigas, já em péssimas condições.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Livro: "O Cortiço". Autor: Aluízio Azevedo. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro " O Cortiço" do escritor Aluísio Azevedo é sem dúvida nenhuma um romance inquietante, de narrativa linear (começo, meio e fim) seguindo o tempo cronológico dos acontecimentos, o autor conta uma história com um número enorme de personagens, que a princípio poderia desorientar o leitor tornando a leitura cansativa. Mas o que se constata é um romance fluido, de narrativa dinâmica e enredo envolvente, tornando a leitura muitíssimo prazerosa.

O autor com uma sensibilidade impressionante, (se levarmos em conta o ano e o contexto histórico em que o romance foi escrito) joga luz sobre um sério problema da sociedade à época, que era o abandono de parte da sociedade pelas autoridades constituídas, eram pessoas invisíveis, que por necessidade criavam uma comunidade a margen da sociedade e suas regras. E por incrível que possa parecer, esses mesmos problemas continuam até os dias atuais à atormentar de modo persistente a sociedade atual.     

Gostaria de chamar à atenção para uma    passagem do livro já no final do romance. Em dado momento, depois do personagem principal (João Romão) ser o pivô de acontecimento que levou à morte uma escrava que por anos o sérviu  dedicadamente.  "Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinham, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito. Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas." Como podemos perceber, os séculos passam, muitas coisas mudam, mas não tanto assim. As vezes honrarias são criadas, pessoas são elevadas a paladinos de boas mudanças para sociedade, mas na realidade o desejo e as atitudes dos mesmos conspiraram para que tudo continue igual.

Precisamos ficar disciplinarmente atentos.

Descrição da Editora:

Publicado em 1890, O Cortiço põe olhos sobre os marginalizados: lavadeiras, trabalhadores braçais, malandros e viúvas pobres.

Esses tipos são guiados pelos instintos, vícios e sexo, determinados pelo meio miserável em que vivem.

O olhar darwinista de Aluísio Azevedo posicionou o romance como a expressão máxima do Naturalismo na literatura brasileira.

No Rio de Janeiro do século XIX, o ambicioso português João Romão põe em prática seu plano de riqueza.

Com trabalho duro, avareza e desonestidade, levanta um conjunto de 95 casinhas; o maior cortiço da região.

A vida não tarda a brotar desse chão, fervilhante. Um organismo autônomo formado por aquela gente amontoada em cubículos, em busca da sobrevivência. 

O Cortiço é um retrato das mazelas sociais que atingiam a capital do Império, sob a visão cientificista de um escritor que levou ao extremo a estética realista da época.

Uma obra que continua atual, tanto em sua temática quanto em sua linguagem.

Sobre o autor:

Nascido em São Luís do Maranhão (MA), em 14 de abril de 1857, Aluísio Azevedo era filho de D. Emília Amália Pinto de Magalhães e do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo.

Demonstrou, desde muito jovem, grande interesse por desenho e pintura, o que o levou a mudar-se para o Rio de Janeiro em 1876, a fim de matricular-se na Imperial Academia de Belas Artes. Para manter-se na capital, desenhava caricaturas para os jornais"

"Morto seu pai em 1878, retorna a São Luís, onde dá início à sua carreira de escritor no ano seguinte, com o romance Uma lágrima de mulher, ainda aos moldes da estética romântica. Trabalha também para a fundação do jornal O Pensador, publicação anticlerical e abolicionista.

Em 1881, lança seu primeiro romance naturalista, O mulato, abordando o assunto do preconceito racial. Bem recebido na corte, apesar da temática da obra ter sido considerada escandalosa, Aluísio embarca de volta para o Rio de Janeiro, decidido a ganhar a vida como escritor.

De volta à capital do Império, produz diversos folhetins, que garantiam sua sobrevivência. Nos intervalos dessas publicações, geralmente melodramáticas e românticas, dedicava-se à pesquisa e à escrita naturalista, que o consagrou como grande autor brasileiro. Foi nessa época que lançou suas principais obras, Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890).

No dia 21 de janeiro de 1913 morria, em Buenos Aires, Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo.