quinta-feira, 30 de março de 2023

Livro: "Na margem do Rio Piedra eu sentei e chorei ". Autor: Paulo Coelho. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro de Paulo coelho, "Na margem do Rio Piedra eu sentei e chorei", é  como a própria orelha da obra define "Uma história de amor"

As histórias de amor têm como definição para a sua elaboração alguns tópicos que não podem faltar. Desenvolver personagens apaixonantes, e isso não significa que não tenham defeitos, o casal não precisa combinar em tudo, os desafios tornam o amor mais intenso e tente fugir dos clichês. 

Quero aqui confessar que esse foi o primeiro livro que li do escritor Paulo Coelho, portanto não tenho, e nem poderia ter, opinião formada sobre o estilo do autor. O que poderia afirmar da obra em questão é, como leitor o livro não preencheu as minhas expectativas. 

Como dito acima, a historia de amor Contada pelo autor tenta preencher todos os requisitos necessários para ser um bom texto, acrescentando ainda um toque de misticismo, fé e religiosidade. No entanto para mim e só para mim, quero frisar, achei a historia lenta de enredo fraco e monótono, e por muitas vezes não conseguiu fugir dos clichês. 

Porém eu recomendo a leitura do livro, porque o facinante dos livros e que as histórias batem de modos diferentes nas pessoas que as lêem, dependendo do momento e das circunstâncias em que a leitura é feita.

Por isso a leitura nunca deve ser descartada por opiniões de terceiros, cheguem as suas próprias conclusões. 

Resenha da Editora:

“Quem ama venceu o mundo, não tem medo de perder nada. O verdadeiro amor é um ato de entrega total.” ― Paulo Coelho Quando foi publicado, a tiragem inicial de 30 mil exemplares de Na margem do Rio Piedra eu sentei e chorei esgotou em uma semana. Ao mesmo tempo, sua publicação em outros países já era negociada ― este livro chegou a ser lançado em mais de quarenta idiomas. Um sucesso inimaginável mesmo considerando que, naquela época, Paulo Coelho já era o nosso autor mais lido internacionalmente. Esta obra narra a história de dois amigos que se separam e voltam a se encontrar onze anos depois. Durante todo esse tempo, muita coisa mudou. Pilar se tornou uma mulher forte e independente e ele se tornou um líder espiritual extremamente carismático, capaz de influenciar multidões. O que para Pilar, a princípio, seria um rápido encontro, se transforma em um novo relacionamento que vai fazer que ambos tenham que enfrentar seus próprios obstáculos interiores. Em um romance que fala de entrega, dor, sofrimento, perdão e esperança, Paulo Coelho nos mostra que o amor é a melhor forma de trilharmos o nosso caminho. “[Em Na margem do Rio Piedra eu sentei e chorei], Coelho reafirma sua fé no cristianismo, evocando uma raiz pagã para a figura da Virgem Maria, identificada à Grande Deusa, ou Grande Mãe, divindade celta da fertilidade.” ― Folha de S.Paulo “A história de Na margem do Rio Piedra eu sentei e chorei é linda e inocente como uma parábola santa.” ― Cosmopolitan, França “A tradução simples, mas de alguma forma elevada, captura a sincera crença de que na vida diária estamos no meio do extraordinário.” ― The Times, Reino Unido

Sobre o Autor:

Nascido em 1947, no Rio de Janeiro, PAULO COELHO atuou como dramaturgo, jornalista e compositor, antes de se dedicar à literatura. É considerado um fenômeno literário, com sua obra publicada em mais de 170 países e traduzida para 84 idiomas. Juntos, seus livros já venderam 230 milhões de exemplares em todo o mundo.

segunda-feira, 27 de março de 2023

Livro "Recordações do escrivão Isaias Caminha" Autor: Lima Barreto. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro de Lima Barreto " Recordações do escrivão Isaias Caminha" é uma obra escrita tendo como pano de fundo uma sociedade preconceituosa como a do Rio de Janeiro do final do século XIX. Lima Barreto faz registro dos conflitos sociais e pessoais de maneira simples e sincera  foi parcialmente lançado em folhetim em 1907 e publicado como livro em Portugal em 1909. Escrito em primeira pessoa, muitos consideram uma autobiografia, que Lima Barreto estaria na realidade nesse livro contando suas memórias.

Fugindo um pouco da linguagem da época, usa uma narrativa jornalística, por isso também à época foi criticado por não ter estilo. Contudo o escritor deixa bem claro em seu texto, o estilo agressivo com que lidava com situações que o incomodavam, ou seja, "Não tinha papas na língua" isso lhe trouxe grandes transtornos com a comunidade literária da época. 

O livro tem uma narrativa fuida que prende o leitor, tornando a leitura prazerosa, com habilidade o autor denúncia o racismo crítica os bastidores do jornalismo da época, o empreguismo, à burocracia emperrada e à política.

Já se passaram 114 anos da publicação da obra, e é impressionante como as mazelas de uma sociedade são difíceis de serem superadas, dizer que as coisas não mudaram em nada seria um exagero, a sociedade evoluiu sim nas pautas abordadas pela obra, mas a mudança é muito lenta e penosa, infelizmente. 

Descrição da Editora:

Filho de uma escrava liberta e um tipógrafo, Lima Barreto nunca teve em vida o reconhecimento que a sua obra merecia. Isso talvez se justifique, ao menos em parte, pela repercussão de Recordações do escrivão Isaías Caminha na sociedade carioca. Ao ambientar o personagem numa redação de jornal, Lima Barreto trata de maneira impiedosa a classe jornalística, que respondeu aos insultos banindo o autor da imprensa carioca. E, embora tenha sido publicada em 1909, em meio ao otimismo pós-Lei Áurea, a história de Isaías mostra um cotidiano bastante cruel para os negros. O jovem é culto e inteligente mas isso não basta para que ele seja inserido na sociedade, pois será esmagado pelo preconceito racial. Resgatando a atualidade de Lima Barreto sob o viés da crítica literária, Alfredo Bosi defende na introdução do livro que Recordações é um dos grandes romances da literatura brasileira. Essa edição traz também um prefácio de Francisco de Assis Barbosa, historiador que fez um importante estudo sobre o autor, valendo-se de dados biográficos e contextualizando o livro à época em que foi publicado. E, ainda, mais de cem notas elaboradas por Isabel Lustosa, que comenta fatos históricos e nos revela quem eram as pessoas e os lugares retratados no livro.

sábado, 18 de março de 2023

Conto: "O homem que sabia javanês". Autor: Lima Barreto. Análise (opinião) literária. Incentivo à leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


   O conto "O homem que sabia javanês", de Lima Barreto, é uma dessas histórias que podem se passar séculos mas dificilmente deixará de ser atual, porquê o texto trata de forma jocosa de uma das facetas mais proeminentes do ser humano, a arrogância, se acha suficientemente inteligente para enganar e ao mesmo tempo esperto demais para ser enganado. Essa elevada autoestima de boa parte da raça humana, faz com que de fato, o inverso se concretize.

O antigo ditado, "As aparencias enganam" é  para muitos provida de uma ambiguidade eterna. Um dia o filósofo Heráclito foi questionado "Às aparencias enganam?", a resposta foi afirmativa, " Porque a percepção dos sentidos pode iludir, dependendo do ponto de vista do observador".

O conto de Lima Barreto nos faz refletir sobre como nos relacionamos com as pessoas que admiramos, os nossos "Ídolos", sejam eles artistas, políticos, escritores ou até mesmo pessoas de nosso convívio. Somos todos humanos, e como tais, sujeitos as imperfeições, por isso a idolatria é extremamente burra.

Ao idolatrar-mos desativamos imediatamente nosso senso crítico, e com isso ficamos vulneráveis a manipulação e a cegueira voluntária.    

Nos dias atuais estamos efetivamente vivenciando uma época muito fértil, quando o tema é o surgimento de especialistas em tudo que se pode imaginar, por isso o discernimento é necessário para não nos tornarmos espectadores de nossa história,  como disse Lima Barreto "O Brasil não tem povo, tem público". Excelente conto !!

Considerações :

O homem que sabia javanês é um conto do escritor brasileiro Lima Barreto que narra a história de Castelo, isto é, a forma que "havia pregado às convicções e às respeitabilidades, para poder viver." Em suma, nesta história, Castelo expõe a seu amigo Castro como que em meio a miséria do desemprego fingiu saber o javanês, a pretexto de conseguir um emprego que fora ofertado por um homem público, o Barão de Jacuecanga. Após conseguir o emprego, Castelo, por ser um dos únicos tradutores desse idioma - mesmo não o sabendo-, torna-se famoso e logra, de forma inesperada, à diplomacia do País. O conto suscita, à maneira lima-barretiana, críticas ao bacharelismo e à burocracia viciada. Foi publicado pela primeira vez no jornal Gazeta da Tarde do Rio de Janeiro, em 28 de abril de 1911, e posteriormente incluído na coletânea O homem que sabia javanês e outros contos.

terça-feira, 14 de março de 2023

Livro: "O enigma da religião". Autor: Rubem Alves. Análise (opinião) literária. Incentivo à leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.



Quando nos dedicamos à leitura de um livro,  mesmo quando indicado por pessoas que nos afirmam que o livro é excelente, fica sempre a ansiedade de confirmamos tal afirmação. Quando me indicaram o livro "O enigma da religião" do autor Rubem Alves, mesmo conhecendo a história do teólogo, educador, tradutor e psicanalista, nunca hávia lido nenhuma de suas obras, portanto não sabia o que esperar. 

Confesso que no inicio a leitura do livro não foi uma tarefa fácil, por ser uma obra com narrativa filosófica, exige do leitor que não tem formação na área, uma atenção redobrada para não se perder, e consequentemente desistir da leitura.

Passado esse primeiro obstáculo, e ao decorrer da leitura, uma satisfação vai tomando conta de nós, quando percebemos a genialidade do autor. 

Com uma proposta a princípio nada fácil de cumprir, que é desvendar o enigma da religião, a narrativa muito bem embasada e elaborada nos faz colocar em segundo plano a preocupação em chegarmos a uma conclusão sobre o tema proposto.    

Mesmo o título nos sugerindo que ao final da leitura chegaríamos a uma conclusão, visto que se existe um enigma, esse pode sim ser elucidado, o autor nos mostra entre outras coisas, que a índole do ser humano diferentemente de outros seres vivos, faz com que esse enigma se transforme em um mistério, e como tal, quase impossível de elucidação, ou pelo menos que cheguemos a uma só conclusão.  

O que ficou claro para mim, e que para se sentir minimamente feliz o ser humano precisa da sensação de amparo de previsibilidade e proteção, mesmo que para isso tenha que trocar o real pelo abstrato. Um excelente livro. 

Descrição da editora 

Como sobreviver com esperança em situações muito adversas? Religião: a teimosa obstinação que continua a ter esperança a despeito de tudo. "O Enigma da Religião" é um ensaio precisamente sobre essa questão: nós diferentemente dos animais recusamo-nos a aceitar o veredicto dos fatos. E acrescentamos algo a eles sejam os jardins as bandeiras os poemas as sinfonias os altares as utopias... Por que se nada disso é retrato das coisas que estão aí? Por que se nada disso é ciência? E é inútil dizer que os deuses morreram. Se morreram outros nascerão de dentro de nós. Nós os geraremos porque não podemos viver num mundo em que os bancos a política os cascos e as prisões têm a última palavra.

Sobre o autor:

Rubem Alves (1933-2014) foi teólogo, educador, tradutor, psicanalista e escritor brasileiro. Autor de livros de filosofia, teologia, psicologia e de histórias infantis.

Rubem Alves nasceu na cidade de Boa Esperança, em Minas Gerais, no dia 15 de setembro de 1933. Em 1945 muda-se com a família para o Rio de Janeiro. Criado em uma família protestante, tornou-se pastor.

Formação

Entre 1953 e 1957 cursou Teologia no Seminário Presbiteriano de Campinas, São Paulo. Em 1958 mudou-se para a cidade de Lavras, Minas Gerais, onde exerceu a função de pastor até 1963.

Ainda em 1963, Rubem Alves foi estudar em Nova York, retornando em 1964, com o título de Mestre em Teologia, pela Union Theological Seminary.

Rubem Alves faleceu em Campinas, São Paulo, no dia 19 de julho de 2014.

"O enigma da religião"

Editora‎ Papirus; 7ª edição (12 dezembro 2006) Idioma‎ Português Capa comum‎ 175 páginas.