domingo, 28 de agosto de 2022

Livro: "Os Anos de Chumbo ". Autor: Luiz Octávio de Lima. Análise (Opinião) literária. Incentivo à leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.

 



O livro " Os Anos de Chumbo" de Luiz Octávio de Lima é sem dúvida alguma uma obra muito bem elaborada, é a materialização de técnicas de como escrever um livro sobre  história, porque é isso que ele é, um ótimo livro de história. O bom livro de história se atém aos fatos, sempre tentando ao máximo se aproximar da verdade, e isso o autor faz com maestria.

O livro é excessivamente importante para o momento político pelo qual o país atravessa,  onde valores antes consagrados como imutáveis hoje são questionados, honra e ética são relativizados.

Termo como "Pós verdade" foi criado para justificar postura de pessoas que abrem mão da verdade é dos fatos, para salvaguardar suas convicções ideológicas, ou seja, criam verdades convenientes.

Mas o que eu considero de mais importante na obra, é que ela joga luz em fatos históricos  que a grande maioria dos integrantes da nova geração não tem conhecimento, ou têm uma visão distorcida dos acontecimentos.  

Para se ter opinião formada sobre algo, é essencial que se tenha uma visão do todo, sem manipulação de fatos, e muito menos análises tendenciosas.

Super recomendo a leitura do livro, e uma obra que resgata a verdade sobre os fatos, cabe depois ao leitor tirar as suas conclusões.  

Resenha da Editora

A partir de entrevistas com personagens da época e uma profunda revisão bibliográfica, Luis Octavio de Lima apresenta, de forma cronológica, o que levou ao golpe de 1964, como a repressão e a censura afetaram o Brasil e o cotidiano das pessoas e o que foi feito para levar o Brasil à redemocratização.

Por meio de uma análise minuciosa, o autor reconstitui o contexto político, social e histórico do país desde o governo de Jânio Quadros até a instauração da ditadura militar. Com materiais inéditos, Luiz Octavio revela os principais acontecimentos que resultaram no Golpe de 64 e dedica a obra, ainda, às gerações futuras, como forma de denunciar os horrores cometidos nos chamados anos de chumbo. 

Sobre o Autor

Jornalista formado pela PUC-RJ e com MBA em Economia pela Unicamp, Luiz Octavio de Lima trabalhou nas principais redações do país. Tendo começado como repórter em O Globo, atuou nas revistas Veja, Época e Exame, jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo. Foi finalista do Prêmio Jabuti com o livro Pimenta Neves: uma reportagem. Publicou três livros de História pela Editora Planeta: A guerra do Paraguai, 21 batalhas que mudaram o Brasil e 1932: São Paulo em chamas. Faleceu logo depois de concluir este quarto livro, Os Anos de Chumbo, que a Planeta publica em sua homenagem.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Livro: "Estado Profundo". Autor: Ian fitzgerald. Análise (opinião) literária. Incentivo à leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro "Estado Profundo " de Ian fitzgerald é uma obra que deve ser lida com o nosso senso crítico em estado de alerta. Quando digo isso não quero que seja entendido como uma crítica,  mas sim como uma provocação, para que as pessoas que se desafiarem a fazer a leitura, não se distraiam com o grande número de informações históricas que recebem (Que por sinal são muito relevantes) e deixem de prestar atenção à coerência dos fatos contados com a narrativa do autor. 

O livro se propõe a examinar o que realmente é um estado profundo e como eles surgiram em vários lugares do mundo e ao longo da história. Começando com as elites oligárquicas da Grécia Antiga e da Guarda Pretoriana, na Roma Antiga, passando pelo estado policial da Alemanha Oriental na década de 1950 até os narcoestados da América Latina na década de 1970 e a corrupção institucional da Nigéria do século 21, ele explora as muitas maneiras pelas quais as pessoas tentaram tomar o aparato de poder para si mesmas, permanecendo fora do controle.

Fica difícil para o leitor fazer juízo de valor de tudo que lhe é narrado, porque para isso, teria o mesmo que ter conhecimento histórico abrangente, o que na maioria das vezes não é o caso. Aconselho então ao leitor, que se detenha com mais atenção a trechos do livro em que o mesmo tenha algum conhecimento do que está sendo narrado, e aí sim, faça uma análise se o autor está sendo fiel aos fatos, ou se por ventura tenta de alguma forma convencer-te daquilo que ele gostaria que tivesse acontecido. 

Eu em especial me ative com mais atenção ao capítulo que fala da América do Sul, em especial ao Brasil, que foi para mim mais confortável elaborar uma opinião sobre o que o autor escrevia. 

Confesso que não gostei do que li, percebi por parte do autor um contorcionismo criativo para impor ao leitor aquilo que ele pensava sobre o assunto, até aí tudo bem, porque o escritor deve mesmo tentar convencer o leitor de suas convicções através  de suas análises, o problema é que como eu também vivenciei o período por ele narrado, identifiquei várias incoerências e interpretações equivocadas. A partir daí, confesso que a leitura do livro tornou-se mais difícil e carregada, pois aflorou de vez o meu ceticismo sobre a obra. 

Contudo é um livro que deve ser lido,  até para  que vocês desenvolvam as suas próprias opiniões. 

Abaixo resenha da editora:

Resenha da Editora

Sob a aparência externa de um governo legítimo e funcionários responsáveis, espreitam agendas ocultas, personalidades sombrias e grupos de interesses especiais que buscam assumir o controle da nação para seus próprios fins. Esses 'estados dentro de um estado', livres de normas legais e despreocupados com a opinião pública, são conhecidos como 'estados profundos'.

Neste relato fascinante, Ian Fitzgerald examina o que realmente é um estado profundo e como eles surgiram em vários lugares do mundo e ao longo da história. Desde o estado policial da Alemanha Oriental na década de 1950 até os narcoestados da América Latina na década de 1970 e a corrupção institucional da Nigéria do século 21, ele explora as muitas maneiras pelas quais as pessoas tentaram tomar o aparato de poder para si mesmas, permanecendo fora do controle. Agora que surge o tema das teorias da conspiração modernas em todo o mundo como uma tendência preocupante em direção ao poder não eleito, este livro é mais oportuno do que nunca e ajuda a separar o fato da ficção.

Examina as conspirações de estado profundo em todo o mundo, incluindo:

- os narco-estados da Colômbia e do México - onde instituições legítimas foram corrompidas pelo poder e riqueza do comércio ilegal de drogas

- o paraíso fiscal ilícito do Panamá e os Panama Papers de 2016, maior vazamento de dados da história

- o envolvimento da United Fruit Company no golpe de estado de 1954 na Guatemala

- os ladrões da América do final do século 19 e início do século 20

- o papel dos serviços de inteligência como a CIA, FBI e NSA no Estado profundo dos EUA, em casa e no exterior a medida em que sites de mídia social como o Facebook influenciam os eleitores

Sobre o Autor

Ian Fitzgerald tem mais de 20 anos de experiência como editor e escritor. Ele trabalhou para History Today, John Blake Books e Atlas Editions. Ele cobriu assuntos tão amplos quanto a história da Grécia e Roma antigas, a filosofia de Friedrich Nietzsche e a vida nas prisões modernas.