quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

"Viagens na minha terra": Autor: Almeida Garrett. Análise ( opinião) literária. Indicação de leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.

O livro "Viagens na minha terra", é sem dúvida alguma uma leitura muito difícil de se fazer, quando digo difícil, me refiro sim, a dificuldade de compreensão que a narrativa nos impõe. A obra foi publicada originalmente em folhetins na Revista Universal Lisbonense entre 1845 e 1846, sendo editada em livro apenas em 1846. Tida como obra única no Romantismo português por sua estrutura e linguagem inovadoras, Viagens na minha terra é um marco para a moderna prosa portuguesa e um importante documento de referência para entender a decadência do império português. Uma mistura entre literatura de viagem, autobiografia, reportagem, crítica política e romance histórico, faz com que o leitor que por ventura se atreva a encarar essa obra, tenha que fazer antes uma imersão, em todo o contexto histórico que envolve o período anterior a elaboração do livro.

Comecemos então por contar um pouco da história do autor. 

Almeida Garrett nasceu na cidade do Porto, Portugal, em 1799, com o nome de batismo de João Leitão da Silva. Durante sua época de estudante de Direito, em Coimbra, passou a adotar o nome que o tornaria célebre: Almeida Garrett. Participou da revolução liberal e ficou exilado na Inglaterra em 1823. Durante esse tempo, casou-se e teve contato com o movimento romântico inglês. Em 1824 mudou-se para França e escreveu Camões e Dona Branca, obras que inauguraram o romantismo português. Ávido defensor do liberalismo, Almeida enfrenta outros diversos exílios ao longo dos anos.

Após retornar definitivamente a Portugal, passa a incentivar a literatura e o teatro, escrevendo inúmeros livros e peças teatrais. É dele, por exemplo, a iniciativa de criar o Conservatório de Arte Dramática e o Teatro Normal (atualmente Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa). Faleceu em Lisboa no dia 9 de dezembro de 1854.

A revolução liberal da qual participou Almeida  Garrett, se deu na cidade do Porto em Portugal,  foi um movimento ocorrido em 1820.

Entre várias reivindicações, os integrantes exigiam a promulgação de uma Constituição e a volta da Corte portuguesa que se encontrava no Brasil.

A Família Real Portuguesa, em 1808, havia se deslocado para sua colônia na América devido às invasões napoleônicas.

Tomando ciência desses fatos, fica facilitada, (mas alerto de antemão que não muito) à  compreensão da história contada por esse estupendo autor. 

Para facilitar a sua caminhada na leitura dessa incrível obra, apresento uma pequena descrição. 

"Viagens na minha terra é um relato da viagem verídica empreendida por Almeida Garrett de Lisboa a Santarém. Numa prosa fluida, espontânea e aparentemente despretensiosa, que visa a cooptar o leitor constantemente, fazendo uso de vocativos, Almeida Garrett comenta os lugares por onde passa e, entre uma reflexão e outra, critica o atraso tecnológico do país, a literatura que falseia a realidade, as más condições das estradas e hospedarias, a maneira dos homens públicos de governar; enfim, divaga sobre diversos temas, fazendo uso constantemente de ironias. Além da digressão, a obra de Garrett introduz outro recurso inédito na literatura portuguesa, a “narrativa dentro da narrativa”: em meio ao relato da viagem, o narrador conta a história romanesca de Carlos, jovem liberal e progressista, e Joaninha, típica heroína romântica: íntegra, pura e fiel a seu amor. Viagens na minha terra é obra singular da Literatura Portuguesa".

A edição do livro na foto acima e da editora Lafonte, publicado em 2020.

Leitura difícil, mas muito prazerosa, tenham uma boa leitura. 

 

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