terça-feira, 31 de outubro de 2023

Livro: "Acidentes de Trabalho". Autor Rory Stewart. Análise (opinião) literária. Incentivar á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro "Acidentes de Trabalho" do autor Rory Stewart é, uma obra que joga luz sobre uma questão que muito se discute. Qual é a capacidade de um país invasor em impor ao povo do país invadido, a sua cultura e, as suas convicções políticas ideológicas? O que é facilmente percebido na história contada pelo autor é, que independente dos motivos e das intenções que levaram a tomada do território de outro país será difícil, ou melhor, impossível, controlar e acomodar os incontáveis interesses, sejam eles legítimos, ou puramente motivados por ambição, poder e fortuna. O autor usou de forma habilidosa todo o conhecimento que adquiriu sobre a questão, conhecimento esse, conseguido como "personagem" atuante na história contada. Existem algumas questões que são mais fáceis de serem entendidas, quando quem as aborda e, propõe que reflitamos sobre as mesmas, vivenciou todas as suas nuances de forma intensa e visceral, isso com certeza o autor o fez. Existem mudanças no comportamento humano, que só ocorrerão, se portas forem abertas para o diálogo e o entendimento e, esse assunto tão espinhoso, certamente é um que à porta deve ser aberta pelo lado de dentro. O livro "Acidentes de Trabalho" tenta abrir essa porta, se vai conseguir, aí é outra questão. Leiam o livro, ele é muito bom e, você estará entreabrindo essa porta.

Visão geral do livro:

Um balanço da ocupação americana no Iraque por quem estava lá. Neste livro, o autor narra o período em que ficou no Iraque e viu as expectativas da Coalizão frustradas por uma série de circunstâncias desfavoráveis. Uma das primeiras descobertas do autor foi que apenas eleições locais poderiam dar aos políticos a legitimidade para agir. O autor não relata apenas as conseqüências de uma guerra, mas traz uma abordagem lúcida da burocracia pontuada pelo fogo cruzado, e, assim, faz um livro lúcido e emocionante, que revela o que realmente aconteceu após a invasão norte-americana.

Sobre o autor:

Roderick James Nugent Stewart (nascido em 3 de janeiro de 1973 em Hong Kong) é um acadêmico, diplomata, autor, locutor, ex-soldado e ex-político britânico.

Stewart foi educado na Dragon School e no Eton College . Depois de estudar no Balliol College, Oxford , Stewart trabalhou para o Serviço Diplomático de Sua Majestade como diplomata na Indonésia e como representante britânico em Montenegro . Deixou o serviço diplomático para empreender uma caminhada de dois anos pelo Afeganistão , Irão , Paquistão , Índia e Nepal . Mais tarde, ele escreveu um livro best-seller, The Places in Between , sobre suas experiências.

Posteriormente, serviu como vice-governador em Maysan e Dhi Qar para a Autoridade Provisória da Coligação após a invasão do Iraque em 2003 e escreveu um segundo livro cobrindo este período, Riscos Ocupacionais ou O Príncipe dos Pântanos, no Brasil com o título "Acidentes de Trabalho". Em 2005, mudou-se para Cabul para estabelecer e dirigir a Turquoise Mountain Foundation . Ele foi Professor de Direitos Humanos da Família Ryan e diretor do Centro Carr para Política de Direitos Humanos da Universidade de Harvard de 2008 a 2010.

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Livro: "É Assim Que Acaba". Autora: Colleen Hoover. Análise (opinião) literária. Incentivar a leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.

 


O livro "É Assim Que Acaba" da autora Colleen Hoover é sem dúvida um sucesso em vendas, foi muito comentado e de todas as maneiras analisado. Confesso que me interessei em ler o livro por conta de toda a repercussão que a obra teve na midia. Já nas primeiras informações que tinha do livro, através das descrições da editora, não me senti muito empolgado com o enredo do romance. E também ainda não tinha lido nada da autora, portanto encarei essa leitura, como uma empreitada para descobertas. Até porque a autora lançou também, o que seria a continuação da história, com o título "É Assim Que Começa". Esse primeiro contado com a autora serviria, também, para ver a possibilidade de ler o título que dava continuidade ao romance. 

O romance não é, na minha opinião (E só na minha opinião) muito empolgante, no início a narrativa é arrastada e previsível. Então eu como leitor, esperei a leitura avançar por mais alguns capítulos, imaginando que com o desenrolar da trama, a história fica-se mais empolgante, mas confesso que para mim, ela continuou arrastada. Outros comentários vistos, informam que esse romance seria o mais pessoal da carreira de Colleen Hoover. Talvez por isso a autora não tenha conseguido desenvolver de forma mais criativa a sua história, pois quando falamos de nós, temos, até de forma inconsciente, algumas amarras que nos impedem de explorar por inteiro e, livremente o assunto que nos propusemos a debater. A tendência é que fiquemos na "superfície" do assunto debatido, até como forma de preservar os personagens da verdadeira história. Essa é só a minha opinião, e somente isso. Mas aconselho muito que as pessoas leiam o livro, até para poderem discordar de mim.

É por ser um leitor teimoso, e gostar de fazer comparações entre histórias contadas. Mesmo que isso seja tarefa difícil, porque cada narrativa têm a sua peculiaridade.

Provavelmente irei ler o livro que da continuidade à história. No final para o autor é isso que importa. 

Descrição da Editora:

Considerado o livro do ano, que virou febre no TikTok e sozinho já acumulou mais de um milhão de exemplares vendidos no Brasil. É assim que acaba é o romance mais pessoal da carreira de Colleen Hoover, discutindo temas como violência doméstica e abuso psicológico de forma sensível e direta. 

Em É assim que acaba, Colleen Hoover nos apresenta Lily, uma jovem que se mudou de uma cidadezinha do Maine para Boston, se formou em marketing e abriu a própria floricultura. E é em um dos terraços de Boston que ela conhece Ryle, um neurocirurgião confiante, teimoso e talvez até um pouco arrogante, com uma grande aversão a relacionamentos, mas que se sente muito atraído por ela.

Quando os dois se apaixonam, Lily se vê no meio de um relacionamento turbulento que não é o que ela esperava. Mas será que ela conseguirá enxergar isso, por mais doloroso que seja?

É assim que acaba é uma narrativa poderosa sobre a força necessária para fazer as escolhas certas nas situações mais difíceis. Considerada a obra mais pessoal de Hoover, o livro aborda sem medo alguns tabus da sociedade para explorar a complexidade das relações tóxicas, e como o amor e o abuso muitas vezes coexistem numa confusão de sentimentos.

Sobre a autora:

Colleen Hoover é uma escritora norte-americana que escreve principalmente romances nos gêneros romântico e ficção para jovens adultos. Ela é mais conhecida por seu romance de 2016, It. Ends with Us. Muitos dos seus trabalhos foram auto publicados antes de serem adquiridos por uma editora. 

Nascimento: 11 de dezembro de 1979 (idade 43 anos), Sulphur Springs, Texas, EUA

Filhos: Cale Hoover, Levi Hoover, Beckham Hoover

Cônjuge: William Heath Hoover (desde 2000)

Pais: Eddie Fennell, Vannoy Fite

Formação: Texas A&M University-Commerce, Saltillo High School.

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Livro: "A Ditadura Acabada". Autor: Elio Gaspari. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


O livro "A Ditadura Acabada" do jornalista e escritor Elio Gaspari é o último de uma série de cinco livros sobre a ditadura militar no Brasil. Confesso que comecei essa jornada literária as avessas, por força das circunstâncias só li até agora o último livro da série. A princípio isso poderia ser um grande problema, pois ninguém começa a ler uma história do fim para o começo, mas no final das contas a genialidade e a competência do autor, e à forma como à  obra foi elaborada só aumentou a minha pressa em ler as demais edições. 
O autor usa a pesquisa e as fontes que o ajudaram a elaborar à obra, de maneira irreparável. Informações detalhadas e minuciosamente checadas são a tônica do trabalho do escritor, isso é facilmente comprovado no próprio livro, porque o mesmo nos disponibiliza em um apêndice uma cronologia dos fatos minuciosamente elaborada, seguida  das fontes de pesquisa bibliográficas.
É sem dúvida nenhuma um excelente
documento sobre o período ditatorial que assolou o Brasil. 
Em relação aos fatos narrados, não são narrativas inéditas, até porque essa fase da história brasileira foi amplamente contada de diversas formas e maneiras, o que diferencia essa obra das demais, é que as fontes do escritor vivenciaram à história de dentro para fora, eram personagens importantíssimos da narrativa feita pelo autor. Já em outras obras que se propuseram a contar essa mesma história, os fatos eram vistos de fora para dentro, o que sem dúvida alguma em alguns aspectos, pode mudar a interpretação do leitor da história contada. 
É sem dúvida nenhuma uma série de livros espetacular, que merecem ser lidos, e olha que estou dando essa opinião após ler apenas o último volume, mas confesso que não tenho medo algum em emitir tal opinião. 

Descrição da Editora:
A mais aclamada obra sobre o regime militar no Brasil chega à conclusão com o livro A ditadura acabada. No quinto volume da Coleção Ditadura, o jornalista Elio Gaspari examina com riqueza de detalhes o período de 1978 a 1985, desde o final do governo do presidente Ernesto Geisel e a posse de seu sucessor, o general João Baptista Figueiredo, até a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral. São os anos da abertura política, momento decisivo na história de nosso país e repleto de acontecimentos, como o fim do AI-5, as manifestações políticas pela anistia e pela volta das eleições diretas para a presidência, os atentados promovidos por aqueles que se opunham à redemocratização, como o episódio da bomba no Riocentro em 1981, e uma crise econômica sem precedentes.
Com uma narrativa fluida e pesquisa profunda, Elio Gaspari compõe um painel fascinante de um país em plena ebulição, em que muitos dos protagonistas se mantêm como parte do noticiário atual. No epílogo, denominado “500 vidas”, o autor acompanha o destino de quinhentos personagens que sobreviveram ao fim da ditadura, entre militares e militantes, empresários e sindicalistas, torturados e torturadores. Alguns desses sobreviventes chegaram à presidência da República, como a presa política Dilma Rousseff, o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva e o professor Fernando Henrique Cardoso. É uma conclusão impactante para uma obra fundamental sobre a história recente do Brasil.
A Coleção Ditadura, com seus cinco volumes, poderá ser encontrada também em um luxuoso box em versão impressa e digital.
Conclusão da Coleção Ditadura, que cobre todos os anos do regime militar em cinco volumes. É considerada a obra mais importante sobre o período e fundamental para a compreensão da história recente do país.
A ditadura acabada é livro inédito de Elio Gaspari, colunista dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo, indiscutivelmente um dos jornalistas mais influentes do Brasil.
Pesquisa fundamentada por extensa documentação do arquivo do autor.
Epílogo arrebatador que acompanha a trajetória de quinhentos personagens que sobreviveram à ditadura.

Sobre o autor:
Nascido na Itália, Gaspari chegou ao Brasil em 1949 em companhia de sua mãe Anna Giacchetti. Começou a carreira jornalística num semanário chamado Novos Rumos, e depois foi auxiliar do colunista social Ibrahim Sued, passando a seguir por publicações de destaque, como o Diário de São Paulo, a revista Veja e o Jornal do Brasil.

É colunista do jornal Folha de S. Paulo, jornal diário de São Paulo, onde está radicado, tendo seus artigos difundidos para outros jornais, dentre os quais O Globo do Rio de Janeiro, Correio do Povo de Porto Alegre, O POVO de Fortaleza e A Tribuna de Vitória

Dono de consagrada carreira no mundo jornalístico, publicou uma série de cinco livros sobre a ditadura militar brasileira, dividida em duas partes, as Ilusões Armadas e O Sacerdote e o Feiticeiro. Importante documento deste período histórico do Brasil, Gaspari havia em 1984 iniciado suas pesquisas a partir de uma bolsa de estudos no Wilson Center for International Scholars, cuja temática seria centrada nas principais figuras do período ditatorial: os generais Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva. Embasado em documentos pessoais de ambos, a obra deslinda os bastidores do regime militar que por duas décadas mergulhou o Brasil no regime de exceção.

terça-feira, 15 de agosto de 2023

Livro: "É Possível Salvar a Europa?". Autor: Thomas Piketty. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro " É Possível Salvar a Europa?" do autor Thomaz Piketty, por ser uma coletânea de crônicas tinha tudo para ser enfadonho e cansativo, porque esse tipo de  livro que tem como tema assuntos técnicos, como é o caso do livro em questão, corre grande risco disso.

O fato no entanto, é que o autor conseguiu fazer que um assunto tão complexo como economia, se torna-se palatável aos leigos, de forma que o leitor se sente confortável ao ler as crônicas por ele publicadas.

Ao longo de suas crônicas o autor não só faz uma análise dos problemas econômicos da França e da Europa do período de recessão desencadeada entre 2007-2008, como também faz uma análise política do período. De forma competente, o autor traça um parâmetro entre os problemas econômicos por ele levantados, e questões  políticas que "ajudaram" à criar tal situação, ou na melhor das hipóteses, que impediram que a situação tivesse uma solução satisfatória. 

Talvez uma coisa que pode incomodar o leitor que por ventura não esteja acostumado a ler livros de coletâneas de textos, é a repetição de análise de alguns temas, isso se dá, por serem crônicas publicadas ao longo de um período, e serem análises dos fatos imediatamente ocorridos, por isso as vezes  assuntos são retomados, mas quando os textos são bem elaborados e bem embasados, como é o caso da obra em questão, em nada desabona sua qualidade. 

Percebe-se ao longo da leitura sem muita dificuldade, a indignação do autor com a desigual taxação de impostos entre as diversas camadas sociais, e é categórico ao afirmar " Os ricos pagam muito menos impostos do que as classes menos favorecidas". Alguém por ventura teria embasamento técnico teórico para desmentir tal afirmação?.

Descrição da Editora:

  Reunião de crônicas mensais publicadas no jornal Libération de setembro de 2004 a dezembro de 2011, É possível salvar a Europa? traz as análises e os pensamentos de Thomas Piketty sobre o continente europeu durante um período profundamente marcado pela crise financeira mundial desencadeada em 2007-2008.

O autor discorre sobre questões de grande peso para o cenário econômico atual, como o papel desempenhado pelos bancos centrais para evitar o colapso da economia mundial e as semelhanças e diferenças entre a crise irlandesa e a grega. Além disso, aborda temas classicamente domésticos, como justiça fiscal, reforma da previdência e o futuro das universidades.

Todos esses assuntos, porém, orbitam grandes questões centrais: Estará a União Europeia à altura das esperanças nela depositadas? A Europa voltará a ser a potência continental e o espaço de soberania democrática, retomando assim o controle de um capitalismo globalizado que se tornou desvairado? Ou será, mais uma vez, apenas um instrumento tecnocrático da desregulamentação, da concorrência generalizada e do rebaixamento dos Estados perante os mercados?

Respostas a essas e outras perguntas são propostas pelo autor nas mais de oitenta crônicas do livro, marcadas pela linguagem prática e acessível que torna suas publicações objeto do interesse não só de políticos e economistas, mas do público em geral.

Sobre o autor:

Thomas Piketty é um professor e economista frances, nascido no dia 7 de maio de 1971 em Clichy, cidade localizada à noroeste de Paris. Estudou Matemática e Economia na Escola Normal Superior de Paris e com 22 anos concluiu o doutorado em Filosofia. Sua tese era sobre redistribuição de renda e foi escrita na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais em Paris e na Escola de Economia de Londres. Na época ele já recebia ofertas de emprego do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), da Universidade de Harvard e da Universidade de Chicago. Optou pelo prestigiado MIT e mudou-se para Cambridge, nos Estados Unidos. Lá lecionou como professor assistente de 1993 a 1995. Na sequência retornou a Paris onde permaneceu durante três anos pesquisando nos arquivos do porão do Ministério das Finanças francês. Selecionou e organizou muitos dados sobre renda, herança e legislação tributária que estavam em pastas antigas, já em péssimas condições.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Livro: "O Cortiço". Autor: Aluízio Azevedo. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro " O Cortiço" do escritor Aluísio Azevedo é sem dúvida nenhuma um romance inquietante, de narrativa linear (começo, meio e fim) seguindo o tempo cronológico dos acontecimentos, o autor conta uma história com um número enorme de personagens, que a princípio poderia desorientar o leitor tornando a leitura cansativa. Mas o que se constata é um romance fluido, de narrativa dinâmica e enredo envolvente, tornando a leitura muitíssimo prazerosa.

O autor com uma sensibilidade impressionante, (se levarmos em conta o ano e o contexto histórico em que o romance foi escrito) joga luz sobre um sério problema da sociedade à época, que era o abandono de parte da sociedade pelas autoridades constituídas, eram pessoas invisíveis, que por necessidade criavam uma comunidade a margen da sociedade e suas regras. E por incrível que possa parecer, esses mesmos problemas continuam até os dias atuais à atormentar de modo persistente a sociedade atual.     

Gostaria de chamar à atenção para uma    passagem do livro já no final do romance. Em dado momento, depois do personagem principal (João Romão) ser o pivô de acontecimento que levou à morte uma escrava que por anos o sérviu  dedicadamente.  "Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinham, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito. Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas." Como podemos perceber, os séculos passam, muitas coisas mudam, mas não tanto assim. As vezes honrarias são criadas, pessoas são elevadas a paladinos de boas mudanças para sociedade, mas na realidade o desejo e as atitudes dos mesmos conspiraram para que tudo continue igual.

Precisamos ficar disciplinarmente atentos.

Descrição da Editora:

Publicado em 1890, O Cortiço põe olhos sobre os marginalizados: lavadeiras, trabalhadores braçais, malandros e viúvas pobres.

Esses tipos são guiados pelos instintos, vícios e sexo, determinados pelo meio miserável em que vivem.

O olhar darwinista de Aluísio Azevedo posicionou o romance como a expressão máxima do Naturalismo na literatura brasileira.

No Rio de Janeiro do século XIX, o ambicioso português João Romão põe em prática seu plano de riqueza.

Com trabalho duro, avareza e desonestidade, levanta um conjunto de 95 casinhas; o maior cortiço da região.

A vida não tarda a brotar desse chão, fervilhante. Um organismo autônomo formado por aquela gente amontoada em cubículos, em busca da sobrevivência. 

O Cortiço é um retrato das mazelas sociais que atingiam a capital do Império, sob a visão cientificista de um escritor que levou ao extremo a estética realista da época.

Uma obra que continua atual, tanto em sua temática quanto em sua linguagem.

Sobre o autor:

Nascido em São Luís do Maranhão (MA), em 14 de abril de 1857, Aluísio Azevedo era filho de D. Emília Amália Pinto de Magalhães e do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo.

Demonstrou, desde muito jovem, grande interesse por desenho e pintura, o que o levou a mudar-se para o Rio de Janeiro em 1876, a fim de matricular-se na Imperial Academia de Belas Artes. Para manter-se na capital, desenhava caricaturas para os jornais"

"Morto seu pai em 1878, retorna a São Luís, onde dá início à sua carreira de escritor no ano seguinte, com o romance Uma lágrima de mulher, ainda aos moldes da estética romântica. Trabalha também para a fundação do jornal O Pensador, publicação anticlerical e abolicionista.

Em 1881, lança seu primeiro romance naturalista, O mulato, abordando o assunto do preconceito racial. Bem recebido na corte, apesar da temática da obra ter sido considerada escandalosa, Aluísio embarca de volta para o Rio de Janeiro, decidido a ganhar a vida como escritor.

De volta à capital do Império, produz diversos folhetins, que garantiam sua sobrevivência. Nos intervalos dessas publicações, geralmente melodramáticas e românticas, dedicava-se à pesquisa e à escrita naturalista, que o consagrou como grande autor brasileiro. Foi nessa época que lançou suas principais obras, Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890).

No dia 21 de janeiro de 1913 morria, em Buenos Aires, Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo.


sábado, 22 de julho de 2023

Livro: "Capitães da Areia". Autor: Jorge Amado. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.

 

O livro "Capitães da Areia" de Jorge Amado, é  uma obra que tem a capacidade, ou melhor dizendo, a competência narrativa inigualável de nós emocionar, e ao mesmo tempo nos  "chacoalhar" e nos tirar dessa letargia que por muitas vezes toma conta de nós, em relação às mazelas de nossa sociedade. Letargia essa, na maioria das vezes, causada pelos afazeres que a vida nos impõe.

A forma como o autor conduz a narrativa do romance, e a maneira como descreve minuciosamente seus personagens, tanto fisica quanto emocionalmente, nos transporta  de forma irremediável para dentro das vidas das "crianças" do trapiche. Trapiche esse, que nos dias atuais, encontramos a todo momento, mas que a nossa já aqui falada letargia involuntária, nos impede de ver.

É impressionante como os fatos contados nesse  belíssimo romance, insistem em se manter atuais. Logo no início do livro cartas enviadas a um jornal da época tratando do problema dos menores abandonados, e a violência por eles praticados, seriam facilmente hoje confundidas, com as notas atuais de autoridades, quando questionados sobre problemas vividos pela sociedade. A capacidade que servidores dos mais diversos setores da administração pública têm em transferir responsabilidades, continua exatamente igual, muda-se os personagens e o cenário, mas as mazelas continuam insistentemente as mesmas. Pelo andar da carruagem, essa excelente obra continuará por muito tempo atualíssima, infelizmente. 

Descrição da Editora:

Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes. Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.

Capitães da Areia é talvez o romance mais influente de Jorge Amado. Clássico absoluto dos livros sobre a infância abandonada, assombrou e encantou várias gerações de leitores e permanece hoje tão atual quanto na época em que foi escrito.

Sobre o autor:

Jorge Amado nasceu em 10 de agosto de 1912, em Itabuna (BA). Começou a escrever profissionalmente como repórter aos catorze anos, em veículos como Diário da Bahia, O Imparcial e O Jornal. Estreou na literatura com o romance O país do Carnaval (1931). Em 1945, foi eleito deputado federal pelo PCB — partido com o qual romperia anos depois. É autor de clássicos como Gabriela, cravo e canela, Tenda dos milagres e Tieta do Agreste. Faleceu em 2001, alguns dias antes de completar 89 anos.

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Livro: "As Verdades que nos Movem". Autora: Kamala Harris. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro de Kamala Harris "As verdades que nós movem", é uma história de vida inspiradora. Pode até o leitor ao longo da narrativa se pergutar se as histórias contadas, não são excessivamente elogiosas e benevolentes para com sua autora, esse é um questionamento que geralmente surge quando lemos auto-biografias. Como leitor, aconselho à quem se propor á efetuar tal tarefa, ativar seu senso crítico e analisar os fatos narrados com parcimônia, utilizando-se da comprovação através de pesquisa, o que nas boas biografias nos é disponibilizado na própria obra em notas, para a comprovação dos fatos. 

No entanto no livro em questão, considero tal atitude desnecessária (na minha opinião). Pois a trajetória de Kamala Harris é amplamente conhecida e reconhecida, como uma trajetória coerente entre o que é prometido e o que é efetivamente realizado.

Fica aqui também uma sugestão aos leitores desse excelente livro. Tentem no decorrer da leitura se colocarem no lugar da autora, e se perguntem, o que eu faria se fosse posto diante dessas situações?. 

Ao final da leitura, certamente você estará também se questionando, quais realmente são as verdades que te movem. 

Descrição da Editora:

A vice-presidente americana Kamala Harris compartilha as verdades que nos unem e a melhor forma de agir com base em seus valores.

O comprometimento de Kamala Harris com a verdade vem de sua criação. Filha de imigrantes, Kamala cresceu em Oakland, uma cidade na Califórnia com forte senso de justiça social. Seus pais ― um importante economista jamaicano e uma indiana que se dedicou a pesquisar o câncer ― se conheceram na universidade, em Berkeley, atuando como ativistas no movimento por direitos civis. Durante a adolescência, Kamala nunca escondeu sua paixão pela justiça, e quando se tornou promotora depois da faculdade de direito, rapidamente se estabeleceu como uma profissional inovadora na aplicação da lei americana.

Ela avançou rapidamente: logo se tornou promotora em São Francisco e então foi eleita promotora-geral do estado da Califórnia. Conhecida por dar voz aos oprimidos, enfrentou os grandes bancos durante a crise das hipotecas, ganhando um acordo histórico para as famílias trabalhadoras do estado.

Sua marca registrada foi a aplicação de uma abordagem holística, baseada em dados, a muitas das questões mais espinhosas, sempre evitando a retórica de combater o crime de forma implacável, que acaba levando a um caminho de falsas escolhas. Nem "implacável" nem "extremamente flexível", mas inteligente ao lidar com o crime se tornou seu mantra. Ser inteligente significa compreender as verdades que podem nos tornar melhores enquanto comunidade e apoiá-las com todas as forças. Essa tem sido a estrela que guiou Harris por uma carreira transformadora como a principal promotora na Califórnia e então como senadora dos Estados Unidos, enfrentando uma série de questões complexas que afetam seu estado, seu país e o mundo, da saúde e da nova economia a imigração, segurança nacional, crise das drogas e aceleração da desigualdade.

Ao reconhecer os grandes desafios que enfrentamos juntos, valendo-se da sabedoria e da percepção duramente conquistadas em sua própria carreira e no trabalho daqueles que mais a inspiraram, Kamala Harris oferece em As verdades que nos movem uma aula de gestão de crises e de liderança em tempos desafiadores. Ao contar sua história, ela narra sua visão de luta, propósito e valores compartilhados. Em um livro rico em muitas verdades, não menos importante é a que um número relativamente pequeno de pessoas trabalha de maneira incansável para convencer muitos de nós de que temos menos em comum do que realmente imaginamos. Cabe a nós, portanto, olhar além das divergências e prosseguir com a luta imprescindível de viver nossa verdade comum.