terça-feira, 15 de agosto de 2023

Livro: "É Possível Salvar a Europa?". Autor: Thomas Piketty. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro " É Possível Salvar a Europa?" do autor Thomaz Piketty, por ser uma coletânea de crônicas tinha tudo para ser enfadonho e cansativo, porque esse tipo de  livro que tem como tema assuntos técnicos, como é o caso do livro em questão, corre grande risco disso.

O fato no entanto, é que o autor conseguiu fazer que um assunto tão complexo como economia, se torna-se palatável aos leigos, de forma que o leitor se sente confortável ao ler as crônicas por ele publicadas.

Ao longo de suas crônicas o autor não só faz uma análise dos problemas econômicos da França e da Europa do período de recessão desencadeada entre 2007-2008, como também faz uma análise política do período. De forma competente, o autor traça um parâmetro entre os problemas econômicos por ele levantados, e questões  políticas que "ajudaram" à criar tal situação, ou na melhor das hipóteses, que impediram que a situação tivesse uma solução satisfatória. 

Talvez uma coisa que pode incomodar o leitor que por ventura não esteja acostumado a ler livros de coletâneas de textos, é a repetição de análise de alguns temas, isso se dá, por serem crônicas publicadas ao longo de um período, e serem análises dos fatos imediatamente ocorridos, por isso as vezes  assuntos são retomados, mas quando os textos são bem elaborados e bem embasados, como é o caso da obra em questão, em nada desabona sua qualidade. 

Percebe-se ao longo da leitura sem muita dificuldade, a indignação do autor com a desigual taxação de impostos entre as diversas camadas sociais, e é categórico ao afirmar " Os ricos pagam muito menos impostos do que as classes menos favorecidas". Alguém por ventura teria embasamento técnico teórico para desmentir tal afirmação?.

Descrição da Editora:

  Reunião de crônicas mensais publicadas no jornal Libération de setembro de 2004 a dezembro de 2011, É possível salvar a Europa? traz as análises e os pensamentos de Thomas Piketty sobre o continente europeu durante um período profundamente marcado pela crise financeira mundial desencadeada em 2007-2008.

O autor discorre sobre questões de grande peso para o cenário econômico atual, como o papel desempenhado pelos bancos centrais para evitar o colapso da economia mundial e as semelhanças e diferenças entre a crise irlandesa e a grega. Além disso, aborda temas classicamente domésticos, como justiça fiscal, reforma da previdência e o futuro das universidades.

Todos esses assuntos, porém, orbitam grandes questões centrais: Estará a União Europeia à altura das esperanças nela depositadas? A Europa voltará a ser a potência continental e o espaço de soberania democrática, retomando assim o controle de um capitalismo globalizado que se tornou desvairado? Ou será, mais uma vez, apenas um instrumento tecnocrático da desregulamentação, da concorrência generalizada e do rebaixamento dos Estados perante os mercados?

Respostas a essas e outras perguntas são propostas pelo autor nas mais de oitenta crônicas do livro, marcadas pela linguagem prática e acessível que torna suas publicações objeto do interesse não só de políticos e economistas, mas do público em geral.

Sobre o autor:

Thomas Piketty é um professor e economista frances, nascido no dia 7 de maio de 1971 em Clichy, cidade localizada à noroeste de Paris. Estudou Matemática e Economia na Escola Normal Superior de Paris e com 22 anos concluiu o doutorado em Filosofia. Sua tese era sobre redistribuição de renda e foi escrita na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais em Paris e na Escola de Economia de Londres. Na época ele já recebia ofertas de emprego do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), da Universidade de Harvard e da Universidade de Chicago. Optou pelo prestigiado MIT e mudou-se para Cambridge, nos Estados Unidos. Lá lecionou como professor assistente de 1993 a 1995. Na sequência retornou a Paris onde permaneceu durante três anos pesquisando nos arquivos do porão do Ministério das Finanças francês. Selecionou e organizou muitos dados sobre renda, herança e legislação tributária que estavam em pastas antigas, já em péssimas condições.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Livro: "O Cortiço". Autor: Aluízio Azevedo. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro " O Cortiço" do escritor Aluísio Azevedo é sem dúvida nenhuma um romance inquietante, de narrativa linear (começo, meio e fim) seguindo o tempo cronológico dos acontecimentos, o autor conta uma história com um número enorme de personagens, que a princípio poderia desorientar o leitor tornando a leitura cansativa. Mas o que se constata é um romance fluido, de narrativa dinâmica e enredo envolvente, tornando a leitura muitíssimo prazerosa.

O autor com uma sensibilidade impressionante, (se levarmos em conta o ano e o contexto histórico em que o romance foi escrito) joga luz sobre um sério problema da sociedade à época, que era o abandono de parte da sociedade pelas autoridades constituídas, eram pessoas invisíveis, que por necessidade criavam uma comunidade a margen da sociedade e suas regras. E por incrível que possa parecer, esses mesmos problemas continuam até os dias atuais à atormentar de modo persistente a sociedade atual.     

Gostaria de chamar à atenção para uma    passagem do livro já no final do romance. Em dado momento, depois do personagem principal (João Romão) ser o pivô de acontecimento que levou à morte uma escrava que por anos o sérviu  dedicadamente.  "Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinham, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito. Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas." Como podemos perceber, os séculos passam, muitas coisas mudam, mas não tanto assim. As vezes honrarias são criadas, pessoas são elevadas a paladinos de boas mudanças para sociedade, mas na realidade o desejo e as atitudes dos mesmos conspiraram para que tudo continue igual.

Precisamos ficar disciplinarmente atentos.

Descrição da Editora:

Publicado em 1890, O Cortiço põe olhos sobre os marginalizados: lavadeiras, trabalhadores braçais, malandros e viúvas pobres.

Esses tipos são guiados pelos instintos, vícios e sexo, determinados pelo meio miserável em que vivem.

O olhar darwinista de Aluísio Azevedo posicionou o romance como a expressão máxima do Naturalismo na literatura brasileira.

No Rio de Janeiro do século XIX, o ambicioso português João Romão põe em prática seu plano de riqueza.

Com trabalho duro, avareza e desonestidade, levanta um conjunto de 95 casinhas; o maior cortiço da região.

A vida não tarda a brotar desse chão, fervilhante. Um organismo autônomo formado por aquela gente amontoada em cubículos, em busca da sobrevivência. 

O Cortiço é um retrato das mazelas sociais que atingiam a capital do Império, sob a visão cientificista de um escritor que levou ao extremo a estética realista da época.

Uma obra que continua atual, tanto em sua temática quanto em sua linguagem.

Sobre o autor:

Nascido em São Luís do Maranhão (MA), em 14 de abril de 1857, Aluísio Azevedo era filho de D. Emília Amália Pinto de Magalhães e do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo.

Demonstrou, desde muito jovem, grande interesse por desenho e pintura, o que o levou a mudar-se para o Rio de Janeiro em 1876, a fim de matricular-se na Imperial Academia de Belas Artes. Para manter-se na capital, desenhava caricaturas para os jornais"

"Morto seu pai em 1878, retorna a São Luís, onde dá início à sua carreira de escritor no ano seguinte, com o romance Uma lágrima de mulher, ainda aos moldes da estética romântica. Trabalha também para a fundação do jornal O Pensador, publicação anticlerical e abolicionista.

Em 1881, lança seu primeiro romance naturalista, O mulato, abordando o assunto do preconceito racial. Bem recebido na corte, apesar da temática da obra ter sido considerada escandalosa, Aluísio embarca de volta para o Rio de Janeiro, decidido a ganhar a vida como escritor.

De volta à capital do Império, produz diversos folhetins, que garantiam sua sobrevivência. Nos intervalos dessas publicações, geralmente melodramáticas e românticas, dedicava-se à pesquisa e à escrita naturalista, que o consagrou como grande autor brasileiro. Foi nessa época que lançou suas principais obras, Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890).

No dia 21 de janeiro de 1913 morria, em Buenos Aires, Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo.


sábado, 22 de julho de 2023

Livro: "Capitães da Areia". Autor: Jorge Amado. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.

 

O livro "Capitães da Areia" de Jorge Amado, é  uma obra que tem a capacidade, ou melhor dizendo, a competência narrativa inigualável de nós emocionar, e ao mesmo tempo nos  "chacoalhar" e nos tirar dessa letargia que por muitas vezes toma conta de nós, em relação às mazelas de nossa sociedade. Letargia essa, na maioria das vezes, causada pelos afazeres que a vida nos impõe.

A forma como o autor conduz a narrativa do romance, e a maneira como descreve minuciosamente seus personagens, tanto fisica quanto emocionalmente, nos transporta  de forma irremediável para dentro das vidas das "crianças" do trapiche. Trapiche esse, que nos dias atuais, encontramos a todo momento, mas que a nossa já aqui falada letargia involuntária, nos impede de ver.

É impressionante como os fatos contados nesse  belíssimo romance, insistem em se manter atuais. Logo no início do livro cartas enviadas a um jornal da época tratando do problema dos menores abandonados, e a violência por eles praticados, seriam facilmente hoje confundidas, com as notas atuais de autoridades, quando questionados sobre problemas vividos pela sociedade. A capacidade que servidores dos mais diversos setores da administração pública têm em transferir responsabilidades, continua exatamente igual, muda-se os personagens e o cenário, mas as mazelas continuam insistentemente as mesmas. Pelo andar da carruagem, essa excelente obra continuará por muito tempo atualíssima, infelizmente. 

Descrição da Editora:

Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes. Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.

Capitães da Areia é talvez o romance mais influente de Jorge Amado. Clássico absoluto dos livros sobre a infância abandonada, assombrou e encantou várias gerações de leitores e permanece hoje tão atual quanto na época em que foi escrito.

Sobre o autor:

Jorge Amado nasceu em 10 de agosto de 1912, em Itabuna (BA). Começou a escrever profissionalmente como repórter aos catorze anos, em veículos como Diário da Bahia, O Imparcial e O Jornal. Estreou na literatura com o romance O país do Carnaval (1931). Em 1945, foi eleito deputado federal pelo PCB — partido com o qual romperia anos depois. É autor de clássicos como Gabriela, cravo e canela, Tenda dos milagres e Tieta do Agreste. Faleceu em 2001, alguns dias antes de completar 89 anos.

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Livro: "As Verdades que nos Movem". Autora: Kamala Harris. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro de Kamala Harris "As verdades que nós movem", é uma história de vida inspiradora. Pode até o leitor ao longo da narrativa se pergutar se as histórias contadas, não são excessivamente elogiosas e benevolentes para com sua autora, esse é um questionamento que geralmente surge quando lemos auto-biografias. Como leitor, aconselho à quem se propor á efetuar tal tarefa, ativar seu senso crítico e analisar os fatos narrados com parcimônia, utilizando-se da comprovação através de pesquisa, o que nas boas biografias nos é disponibilizado na própria obra em notas, para a comprovação dos fatos. 

No entanto no livro em questão, considero tal atitude desnecessária (na minha opinião). Pois a trajetória de Kamala Harris é amplamente conhecida e reconhecida, como uma trajetória coerente entre o que é prometido e o que é efetivamente realizado.

Fica aqui também uma sugestão aos leitores desse excelente livro. Tentem no decorrer da leitura se colocarem no lugar da autora, e se perguntem, o que eu faria se fosse posto diante dessas situações?. 

Ao final da leitura, certamente você estará também se questionando, quais realmente são as verdades que te movem. 

Descrição da Editora:

A vice-presidente americana Kamala Harris compartilha as verdades que nos unem e a melhor forma de agir com base em seus valores.

O comprometimento de Kamala Harris com a verdade vem de sua criação. Filha de imigrantes, Kamala cresceu em Oakland, uma cidade na Califórnia com forte senso de justiça social. Seus pais ― um importante economista jamaicano e uma indiana que se dedicou a pesquisar o câncer ― se conheceram na universidade, em Berkeley, atuando como ativistas no movimento por direitos civis. Durante a adolescência, Kamala nunca escondeu sua paixão pela justiça, e quando se tornou promotora depois da faculdade de direito, rapidamente se estabeleceu como uma profissional inovadora na aplicação da lei americana.

Ela avançou rapidamente: logo se tornou promotora em São Francisco e então foi eleita promotora-geral do estado da Califórnia. Conhecida por dar voz aos oprimidos, enfrentou os grandes bancos durante a crise das hipotecas, ganhando um acordo histórico para as famílias trabalhadoras do estado.

Sua marca registrada foi a aplicação de uma abordagem holística, baseada em dados, a muitas das questões mais espinhosas, sempre evitando a retórica de combater o crime de forma implacável, que acaba levando a um caminho de falsas escolhas. Nem "implacável" nem "extremamente flexível", mas inteligente ao lidar com o crime se tornou seu mantra. Ser inteligente significa compreender as verdades que podem nos tornar melhores enquanto comunidade e apoiá-las com todas as forças. Essa tem sido a estrela que guiou Harris por uma carreira transformadora como a principal promotora na Califórnia e então como senadora dos Estados Unidos, enfrentando uma série de questões complexas que afetam seu estado, seu país e o mundo, da saúde e da nova economia a imigração, segurança nacional, crise das drogas e aceleração da desigualdade.

Ao reconhecer os grandes desafios que enfrentamos juntos, valendo-se da sabedoria e da percepção duramente conquistadas em sua própria carreira e no trabalho daqueles que mais a inspiraram, Kamala Harris oferece em As verdades que nos movem uma aula de gestão de crises e de liderança em tempos desafiadores. Ao contar sua história, ela narra sua visão de luta, propósito e valores compartilhados. Em um livro rico em muitas verdades, não menos importante é a que um número relativamente pequeno de pessoas trabalha de maneira incansável para convencer muitos de nós de que temos menos em comum do que realmente imaginamos. Cabe a nós, portanto, olhar além das divergências e prosseguir com a luta imprescindível de viver nossa verdade comum.

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Livro: "Nada Menos Que Tudo". Autores: Guilherme Evelin e Jailton de Carvalho. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.

O livro "Nada Menos QueTudo" a biografia de Rodrigo Janot Monteiro de Barros, escrita pelos jornalistas Guilherme Evelin e Jailton de Carvalho, é uma biografia muito bem elaborada no que diz respeito à sua narrativa e elaboração de texto. O que ao meu entender não foi equilibrado, foi o bom senso, pois fiquei com à impressão durante a leitura da obra, que o biografado teria pedido aos biógrafos apenas uma coisa, "falem bem, e só  bem, mas falem de mim".

Já tive a oportunidade de ler alguns livros sobre a Operação Lava jato, e notei uma semelhança que me chamou à atenção, todos os livros escritos por quem investigou o caso, não divergem quanto aos investigados, nem tão pouco aos crimes cometidos. As divergência ocorrem, quando ao contar as suas versões, tentam as vezes sem nenhuma humildade passarem aos leitores que se não foce por suas atuações, a operação estava fadada ao fracasso. 

Por isso chamo à atenção a quem se propor ler o livro. Para quem não estiver familiarizado com o que realmente foi a histórica "Operação Lava jato", aconselho  que esse leitor tome redobrada precaução ,  para que não se deixe levar por entusiasmadas narrativas sobre patriotismo e elevado senso profissional, pois não custa lembrar que se trata de uma biografia, e como tal, merece uma análise por parte do leitor, valendo -se de conhecimentos adquiridos sobre à questão, se por acaso não os possuir, recomendo pesquisa dos acontecimentos sobre os fatos. Só assim pode o leitor fazer com segurança juijo de valor, visto que em algumas biografias o narcisismo é facilmente identificável.

Contudo recomendo o livro, pois fatos importantes são relatados. Boa leitura. 

Descrição da Editora:

Temido e odiado por políticos de todos os partidos, aclamado como herói nas ruas, o ex-procurador-geral Rodrigo Janot é uma figura central da história contemporânea brasileira. Sua atuação no comando da operação Lava Jato transformou o país, expondo a corrupção em diversas esferas do poder. Por duas vezes, a chamada “Lista do Janot” fez o Brasil parar na frente da televisão ao envolver os mais marcantes personagens da vida nacional em escândalos. Em Nada menos que tudo, ele faz revelações importantes sobre grandes nomes da política brasileira, como Lula, Dilma, Temer, Aécio, Cunha, Serra, Collor, Genoíno, Sarney, Renan, Jucá, entre outros. Aposentado e sem pretensões políticas, ele lembra os bastidores, as intimidações e as pressões que sofria continuamente. Recorda diálogos e situações indizíveis. Nas entrelinhas estão possíveis explicações para a escalada do movimento que levou Jair Bolsonaro à Presidência da República.

Biografia do  biografado:

Rodrigo Janot Monteiro de Barros é um jurista brasileiro. Membro do Ministério Público Federal desde 1984, foi o Procurador-Geral da República do Brasil de 2013 a 2017.


 

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Livro: " Uma Mulher Sem Importância". Autora: Sonia Purnell. Análise (opinião) literária. Insentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 0 livro "Uma Mulher Sem Importância", da escritora Sonia Purnell, jornalista inglesa de prestígio, com passagens pela revista The Economist e pelos jornais The Telegraph e The Sunday Times, e que nos últimos anos, vem se dedicando à carreira de biógrafa, é uma espécie de resgate da verdade sobre uma personagem, que foi relegada ao esquecimento, porque a história por motivos muitas vezes inexplicáveis não faz justiça à alguns de seus personagens. 

Tenho para mim que talvez um dos principais benefícios que uma "honesta" biografia desencadeia, é que de uma maneira ou outra,  obriga que as pessoas que têm acesso a ela, reflitam sobre a história do biografado, e tenham a oportunidade de chegar as suas próprias conclusões, fazendo uma análise do conhecimento que tinham a respeito da questão, mas agora levando em conta as novas informações disponibilizadas pela "honesta" biografia. 

Em relação ao livro, é sem dúvida um excelente trabalho, nota-se sem esforço o intenso trabalho de pesquisa realizado pela autora, os fatos contados com riqueza de detalhes fazem com que a leitura se torne prazerosa e fluida.

A história de vida de  Virgínia Hall é realmente  inspiradora, ela é a prova cabal que algumas pessoas vêm ao mundo para fazer a diferença, e suas trajetórias tem a capacidade de mudar a vida das pessoas em circunstâncias inimagináveis. 

Apreciem a história de vida dessa mulher, como se estivessem lendo uma incrível narrativa de suspense, terror, morte, mas também de amor, esperança, dignidade e principalmente liberdade. E o que é impactante, isso tudo realmente aconteceu. 


Descrição da Editora:

Filha de um banqueiro americano e muito aventureira, Virginia perdeu parte da perna esquerda enquanto caçava pássaros com amigos, ao cair de uma cerca e acidentalmente atirar à queima-roupa no próprio pé. A prótese de madeira foi um impeditivo ainda maior na realização do sonho de se tornar diplomata, à época uma tarefa masculina, mas não na excelência do trabalho como espiã.

Ela começou dirigindo ambulâncias na França no início da Segunda Guerra Mundial e mais tarde treinaria células de resistência para sabotagens de guerrilha, como explodir pontes e até mesmo descarrilar um trem de carga. A espiã ajudaria ainda a preparar o terreno para que as forças aliadas invadissem a Normandia e a Provença.

Como líder de guerrilha, Virginia foi uma personagem decisiva no rumo da espionagem e no ponto de vista em relação às mulheres na guerra — além do curso que a luta tomaria na França.

A vida cinematográfica da maior espiã da Segunda Guerra Mundial Em 1942, a Gestapo, polícia secreta nazista, enviou uma mensagem urgente: “Ela é a mais perigosa de todos os espiões aliados. Devemos encontrá-la e destruí-la.”

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Livro: "Grande sertão: Veredas". Autor: João Guimarães Rosa. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro "Grande sertão: veredas" de João Guimarães Rosa é o tipo de obra literária que não deve ser lida com pressa, até porque se assim fizer o leitor, esse corre um sério risco de se perder por completo na linguagem  disruptiva utilizada pelo autor.

No início da leitura nos sentimos extremamente desconfortáveis, pois parece que não teremos competência para tão difícil empreitada.

Depois do primeiro contato, aos poucos começamos a nos ambientar com a proposta narrativa do autor, e até com os termos por ele utilizados. Os neologismos brotam em abundância durante a "contação" do romance, e isso deixa de nos incomodar no decorrer da leitura, e com a repetição constante e bem utilizada dos termos, nos sentimos confortáveis e familiarizados com os mesmos, e a leitura flui maravilhosamente.
A edição da obra acima ilustrada, com certeza facilitará em muito a tarefa de compreender a genialidade do autor.
Esta nova edição conta com novo estabelecimento de texto, cronologia ilustrada, indicações de leituras e célebres textos publicados sobre o romance, incluindo um breve recorte da correspondência entre Clarice Lispector e Fernando Sabino e escritos de Roberto Schwarz, Walnice Nogueira Galvão, Benedito Nunes, Davi Arrigucci Jr. e Silviano Santiago. Dispostos cronologicamente, os ensaios procuram dar a ver, ao menos em parte, como se constituiu essa trama de leituras.
A obra "Grande sertão veredas" é sem dúvida nenhuma, essencial.

 
Descrição da Editora:
Publicado originalmente em 1956, Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, revolucionou o cânone brasileiro e segue despertando o interesse de renovadas gerações de leitores. Ao atribuir ao sertão mineiro sua dimensão universal, a obra é um mergulho profundo na alma humana, capaz de retratar o amor, o sofrimento, a força, a violência e a alegria.
O foco narrativo de “Grande Sertão: Veredas” está em primeira pessoa. Riobaldo, na condição de rico fazendeiro, revive suas pelejas, seus medos, seus amores e suas dúvidas. A narrativa, longa e labiríntica, por causa das digressões do narrador, simula o próprio sertão físico, espaço onde se desenrola toda a história.

A obra, na verdade, apresenta o diálogo entre Riobaldo e um interlocutor, que não se manifesta diretamente. Portanto, só é possível identificá-lo e caracterizá-lo por meio dos próprios comentários feitos por Riobaldo.


Sobre o autor:
João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, pequena cidade do interior de Minas Gerais, no dia 27 de junho de 1908. Filho de um comerciante da região, aí fez seus estudos primários, seguindo em 1918, para Belo Horizonte, para casa de seus avós, onde estudou no Colégio Arnaldo.
Cursou Medicina na Faculdade de Minas Gerais, formando-se em 1930. Datam dessa fase seus primeiros contos, publicados na revista O Cruzeiro.
Guimarães Rosa foi uma das principais expressões da literatura brasileira. O romance "Grandes Sertões: Veredas" é sua obra prima. Fez parte do 3.º Tempo do Modernismo, caracterizado pelo rompimento com as técnicas tradicionais do romance.

Em 1963, Guimarães Rosa foi eleito por unanimidade para a Academia Brasileira de Letras (ABL), mas somente tomou posse em 16 de novembro de 1967. Três dias depois da posse, sofreu um infarto.

João Guimarães Rosa morreu no Rio de Janeiro, no dia 19 de novembro de 1967. Aracy morreu em 2011, aos 102 anos.