terça-feira, 29 de janeiro de 2013


A existência

A existência nos é oferecida, melhor ela nos é imposta. Mas a consciência de seus benefícios e malefícios nos chega como tratamento homeopático, em doses diminutas por tempo prolongado. Como lidar com esses benefícios e malefícios de maneira equilibrada e coerente?
 Quando somos colocados por nossa existência frente a frente com uma situação que nos trás imensa satisfação e alegria temos a impressão, ou melhor, temos a certeza de que aquilo nos é devido, mas quando ao contrário, o enfrentamento é com situação de sofrimento e dor, questionamos o porquê de tanto sofrimento se para a nossa compreensão somos pessoas de boa conduta, portanto desmerecedores de tal infortúnio. Sempre nos foi colocado que se fossemos pessoas justas seriamos tratados com justiça, e em nossas entranhas, consciente ou inconscientemente cremos imensamente nisso, e é essa crença em uma possível injustiça que nos amargura e nos desestabiliza diante de coisas ruins que a existência nos impõe. Como a nós foi imposta a própria existência.
Por toda a minha existência passada e provavelmente por toda a que ainda me resta, ouvi e vou ouvir dizer que a mesma só foi possível porque um ser superior e divino me deu esse privilégio, e que tal ser era por essência justo para quem em suas palavras cresce e nelas alicerçasse a existência recebida, e quando em nossa ingênua percepção nos achamos merecedores de tal benesse, somos surpreendidos com fatos que para nós nos parece injustos e excessivamente penosos.
Diante de tamanho dilema, nos sentimos enfraquecidos em nossas convicções e certezas, e por algum tempo tentamos novamente encontrar o equilíbrio entre o que sentimos, e o que realmente estamos vivenciando.
Muitos com certeza com o passar do tempo conseguirão de alguma forma retomar tal equilíbrio, convencendo-se de que não sofrera uma injustiça, mas que tudo o que ocorreu foi de alguma maneira para o seu bem.  Outros, no entanto continuarão a questionar o porquê do ocorrido. Não existe, em ambos os casos, a convicção da certeza.
O que nos resta é entender que ás vezes para alcançarmos a justiça, em algum momento do processo temos de sofrer com a injustiça.

Autor: Mário Rui Baptista

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Transferência de responsabilidade

transferência de responsabilidade

Muito se falou nos últimos meses sobre a questão das sacolinhas descartáveis utilizadas pelos supermercados. A questão é polemica, e não poderia ser diferente, visto que o tema sustentabilidade e preservação ambiental tornou-se muito importante para boa parte da população mundial.

O que não podemos permitir, é que instituições que representam segmentos de nossa sociedade usem como mote tal tema para levar vantagens, transferindo responsabilidades. Quando a Apas (Associação Paulista de Supermercados), juntamente com o Governo do Estado de São Paulo, lançaram a campanha “Vamos tirar o planeta do sufoco” se aproveitaram dessa comoção geral sobre o tema para livrar seus associados, no caso os supermercados, das despesas oriundas na aquisição das famosas sacolinhas, e ao mesmo tempo “ficar bem na fita” posando de defensores do meio ambiente.

É inegável que a sociedade de um modo geral, é responsável pela preservação do planeta em que habitamos, é mais do que isso, devemos ter uma postura responsável para com as novas gerações que virão. Devemos entender isso como um desafio de encontrar novas e criativas alternativas e meios para preservar nosso planeta, sem com isso onerar ainda mais a população. No caso especifico acima citado, essa tecnologia já existe, são as sacolinhas biodegradáveis que se decompõem com mais rapidez, sacolinhas essas que no projeto de “ salvação do planeta” da Apas, eram vendidas aos consumidores, desonerando os seus associados e onerando ainda mais a população.

Está ai presente a transferência de responsabilidade a que me referi no inicio. Quanto a alegação de que deveríamos voltar ao tempo de nossos avôs, levando as chamadas sacolas de feira para transportar os produtos comprados, não passa de puro saudosismo de praticidade muito duvidosa, visto que a dinâmica de vida da maioria das pessoas nos dias atuais, não deve ser comparada aos tempos de nossos avôs, é não é por opção que as pessoas levam essa vida atropelada, elas são empurradas para ela por pura necessidade. Pessoas saem de casa de manhã e voltam a noite, e ao contrario do que muitos pensam, a grande maioria ainda se vale do transporte público, bicicletas e motos para se locomover, impossibilitando as utópicas sacolas e carrinhos de feira. Não esquecendo também do detalhe de que com o uso das alardeadas sacolas de feira, fica quase impossível o acondicionamento adequado dos alimentos, possibilitando a sua contaminação. Ou seja é também um problema de saúde publica, e as autoridades competentes devem entrar de forma definitiva nesse debate.

Nós enquanto membros de uma sociedade organizada não devemos fugir de nossas responsabilidades no que diz respeito a preservação do meio ambiente, por isso devemos fazer a nossa parte separando o nosso lixo, otimizando o uso de água e de energia elétrica. Mas todos devem fazer a sua parte , inclusive os proprietários de supermercados, que exercem uma atividade que visa lucro, e que para auferir esse lucro, provoca danos a, natureza quando do descarte das sacolas que servem para o transporte das mercadorias por eles comercializadas. Portanto é de sua obrigação apresentar soluções para que o problema seja solucionado, e acima de tudo, arcar com o ônus que essa solução por ventura venha criar.

Não podemos mais permitir que empresas e associações valham-se de tema tão caro para nos para se promover, enfiando-nos goela abaixo imposições e custos, livrando-se de suas obrigações.

Autor: Mário Rui Baptista