terça-feira, 5 de março de 2024

Livro: "A saga dos intelectuais franceses 1944-1989". Autor: François Dosse. Análise (opinião) literaria. Incentivar a leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro "A saga dos intelectuais franceses 1944–1989" volume I, do autor François Dosse é uma obra impressionante. Não se iludam aqueles, que por ventura se disponham a ler o livro, o mesmo é, sim, de difícil leitura. O autor usa de forma habilidosa todo o seu conhecimento sobre a história dos intelectuais, para fazer uma análise da atuação da classe, no pós-Segunda Guerra Mundial. Todo o embrolio político e, ideológico da época, fica ainda mais complexo com a atuação dos intelectuais filósofos, que muitas vezes, guiados por suas vaidades e interesses pessoais, travam entre si, uma outra guerra, para tentar analisar os efeitos na sociedade do grande conflito. Nessa tentativa, posições político-filosóficas, têm como catalisadora inúmeras publicações, que fiéis, as convicções de quem as criava e, abrindo espaço para intelectuais que compartilhavam dessas convicções, provocavam uma enorme ebulição. Intelectuais degladiavam-se para que as suas teses, fossem aceites pela maioria. A análise das várias correntes filosóficas, que através dos seus defensores, ganhavam feitio de verdades absolutas, contribuem para tornar a leitura ainda mais difícil. No entanto, isso não quer dizer que a leitura seja enfadonha, pelo contrário, isso na realidade a torna desafiadora e, a melhor coisa que pode acontecer para um leitor atrevido é, ser desafiado, nem que para isso ele tenha que ler várias vezes o mesmo capítulo, até o ter, minimamente entendido. 

Um excelente livro para quem gosta de desafios.

Descrição da Editora:

O projeto empreendido por François Dosse em A saga dos intelectuais franceses 1944-1989 nos traz uma historiografia comentada da intelligentsia francesa na segunda metade do século XX, face aos acontecimentos do pós-Segunda Guerra Mundial aos eventos de 1989. A obra é mais do que uma “história” reconstruída por meio das principais figuras da época, e sim uma “narração” em que não se excluem mitologias sociais, sonhos e esperanças dos protagonistas, ilusões, decepções e proclamações. A obra aborda a evolução das ideias que dominaram cada momento, da história intelectual da França e, em grande parte, da Europa e do mundo. Ninguém estava mais bem equipado do que François Dosse para enfrentar este desafio: narrar de forma panorâmica e sistemática a aventura histórica e criativa dos intelectuais franceses, que vai da Libertação e do fim da Segunda Guerra Mundial ao bicentenário da Revolução Francesa e à defenestração do muro de Berlim. Este primeiro volume, 1944-1968, abarca os anos de Camus, Sartre e Beauvoir e as suas controvérsias, as relações contrastantes com o comunismo, o choque de 1956, as revoluções chinesa e cubana, a Guerra da Argélia, a consolidação do terceiro-mundismo, a irrupção do momento gaulliano e a sua contestação: é um período dominado pelo teste da história, a influência do comunismo e a progressiva desilusão subsequente. O segundo volume, 1968-1989, vai das utopias esquerdistas e do combate contra o totalitarismo, à “nova filosofia”, ao advento de uma consciência emancipadora e ecológica e à desorientação da década de 1980: um tempo marcado pela crise do futuro e que vê se instalar a hegemonia das ciências humanas. Eis apenas alguns dos pontos de referência desta saga que engloba um dos períodos mais efervescentes e criativos da intelligentsia francesa, de Sartre a Lévi-Strauss e Foucault e de Lacan a Barthes e Derrida. O tema já suscitou uma vasta bibliografia, mas um afresco de tal amplitude destina-se a fazer época

Sobre o autor:

François Dosse (Paris, 22 de setembro de 1950) é  um historiador e sociólogo francês especialista em História dos Intelectuais. Professor de História Contemporânea na Universitaire de Formation des Maîtres at Créteil, é formado em História e Sociologia pela Université de Vincennes – Paris, tendo desenvolvido seu doutorado na área de Teoria da História e Historiografia, com foco na Escola dos Annales. Ainda na carreira docente, François Dosse foi também professor de nível escolar nos liceus de Pontoise e Boulogne-Billancourt, além de Maître de conférences no Instituts universitaires de formation des maîtres (Versailles e Nanterre).

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