sábado, 22 de julho de 2023

Livro: "Capitães da Areia". Autor: Jorge Amado. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.

 

O livro "Capitães da Areia" de Jorge Amado, é  uma obra que tem a capacidade, ou melhor dizendo, a competência narrativa inigualável de nós emocionar, e ao mesmo tempo nos  "chacoalhar" e nos tirar dessa letargia que por muitas vezes toma conta de nós, em relação às mazelas de nossa sociedade. Letargia essa, na maioria das vezes, causada pelos afazeres que a vida nos impõe.

A forma como o autor conduz a narrativa do romance, e a maneira como descreve minuciosamente seus personagens, tanto fisica quanto emocionalmente, nos transporta  de forma irremediável para dentro das vidas das "crianças" do trapiche. Trapiche esse, que nos dias atuais, encontramos a todo momento, mas que a nossa já aqui falada letargia involuntária, nos impede de ver.

É impressionante como os fatos contados nesse  belíssimo romance, insistem em se manter atuais. Logo no início do livro cartas enviadas a um jornal da época tratando do problema dos menores abandonados, e a violência por eles praticados, seriam facilmente hoje confundidas, com as notas atuais de autoridades, quando questionados sobre problemas vividos pela sociedade. A capacidade que servidores dos mais diversos setores da administração pública têm em transferir responsabilidades, continua exatamente igual, muda-se os personagens e o cenário, mas as mazelas continuam insistentemente as mesmas. Pelo andar da carruagem, essa excelente obra continuará por muito tempo atualíssima, infelizmente. 

Descrição da Editora:

Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes. Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.

Capitães da Areia é talvez o romance mais influente de Jorge Amado. Clássico absoluto dos livros sobre a infância abandonada, assombrou e encantou várias gerações de leitores e permanece hoje tão atual quanto na época em que foi escrito.

Sobre o autor:

Jorge Amado nasceu em 10 de agosto de 1912, em Itabuna (BA). Começou a escrever profissionalmente como repórter aos catorze anos, em veículos como Diário da Bahia, O Imparcial e O Jornal. Estreou na literatura com o romance O país do Carnaval (1931). Em 1945, foi eleito deputado federal pelo PCB — partido com o qual romperia anos depois. É autor de clássicos como Gabriela, cravo e canela, Tenda dos milagres e Tieta do Agreste. Faleceu em 2001, alguns dias antes de completar 89 anos.

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