segunda-feira, 27 de março de 2023

Livro "Recordações do escrivão Isaias Caminha" Autor: Lima Barreto. Análise (opinião) literária. Incentivo á leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


 O livro de Lima Barreto " Recordações do escrivão Isaias Caminha" é uma obra escrita tendo como pano de fundo uma sociedade preconceituosa como a do Rio de Janeiro do final do século XIX. Lima Barreto faz registro dos conflitos sociais e pessoais de maneira simples e sincera  foi parcialmente lançado em folhetim em 1907 e publicado como livro em Portugal em 1909. Escrito em primeira pessoa, muitos consideram uma autobiografia, que Lima Barreto estaria na realidade nesse livro contando suas memórias.

Fugindo um pouco da linguagem da época, usa uma narrativa jornalística, por isso também à época foi criticado por não ter estilo. Contudo o escritor deixa bem claro em seu texto, o estilo agressivo com que lidava com situações que o incomodavam, ou seja, "Não tinha papas na língua" isso lhe trouxe grandes transtornos com a comunidade literária da época. 

O livro tem uma narrativa fuida que prende o leitor, tornando a leitura prazerosa, com habilidade o autor denúncia o racismo crítica os bastidores do jornalismo da época, o empreguismo, à burocracia emperrada e à política.

Já se passaram 114 anos da publicação da obra, e é impressionante como as mazelas de uma sociedade são difíceis de serem superadas, dizer que as coisas não mudaram em nada seria um exagero, a sociedade evoluiu sim nas pautas abordadas pela obra, mas a mudança é muito lenta e penosa, infelizmente. 

Descrição da Editora:

Filho de uma escrava liberta e um tipógrafo, Lima Barreto nunca teve em vida o reconhecimento que a sua obra merecia. Isso talvez se justifique, ao menos em parte, pela repercussão de Recordações do escrivão Isaías Caminha na sociedade carioca. Ao ambientar o personagem numa redação de jornal, Lima Barreto trata de maneira impiedosa a classe jornalística, que respondeu aos insultos banindo o autor da imprensa carioca. E, embora tenha sido publicada em 1909, em meio ao otimismo pós-Lei Áurea, a história de Isaías mostra um cotidiano bastante cruel para os negros. O jovem é culto e inteligente mas isso não basta para que ele seja inserido na sociedade, pois será esmagado pelo preconceito racial. Resgatando a atualidade de Lima Barreto sob o viés da crítica literária, Alfredo Bosi defende na introdução do livro que Recordações é um dos grandes romances da literatura brasileira. Essa edição traz também um prefácio de Francisco de Assis Barbosa, historiador que fez um importante estudo sobre o autor, valendo-se de dados biográficos e contextualizando o livro à época em que foi publicado. E, ainda, mais de cem notas elaboradas por Isabel Lustosa, que comenta fatos históricos e nos revela quem eram as pessoas e os lugares retratados no livro.

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