sábado, 18 de março de 2023

Conto: "O homem que sabia javanês". Autor: Lima Barreto. Análise (opinião) literária. Incentivo à leitura. Desenvolver o prazer pela leitura.


   O conto "O homem que sabia javanês", de Lima Barreto, é uma dessas histórias que podem se passar séculos mas dificilmente deixará de ser atual, porquê o texto trata de forma jocosa de uma das facetas mais proeminentes do ser humano, a arrogância, se acha suficientemente inteligente para enganar e ao mesmo tempo esperto demais para ser enganado. Essa elevada autoestima de boa parte da raça humana, faz com que de fato, o inverso se concretize.

O antigo ditado, "As aparencias enganam" é  para muitos provida de uma ambiguidade eterna. Um dia o filósofo Heráclito foi questionado "Às aparencias enganam?", a resposta foi afirmativa, " Porque a percepção dos sentidos pode iludir, dependendo do ponto de vista do observador".

O conto de Lima Barreto nos faz refletir sobre como nos relacionamos com as pessoas que admiramos, os nossos "Ídolos", sejam eles artistas, políticos, escritores ou até mesmo pessoas de nosso convívio. Somos todos humanos, e como tais, sujeitos as imperfeições, por isso a idolatria é extremamente burra.

Ao idolatrar-mos desativamos imediatamente nosso senso crítico, e com isso ficamos vulneráveis a manipulação e a cegueira voluntária.    

Nos dias atuais estamos efetivamente vivenciando uma época muito fértil, quando o tema é o surgimento de especialistas em tudo que se pode imaginar, por isso o discernimento é necessário para não nos tornarmos espectadores de nossa história,  como disse Lima Barreto "O Brasil não tem povo, tem público". Excelente conto !!

Considerações :

O homem que sabia javanês é um conto do escritor brasileiro Lima Barreto que narra a história de Castelo, isto é, a forma que "havia pregado às convicções e às respeitabilidades, para poder viver." Em suma, nesta história, Castelo expõe a seu amigo Castro como que em meio a miséria do desemprego fingiu saber o javanês, a pretexto de conseguir um emprego que fora ofertado por um homem público, o Barão de Jacuecanga. Após conseguir o emprego, Castelo, por ser um dos únicos tradutores desse idioma - mesmo não o sabendo-, torna-se famoso e logra, de forma inesperada, à diplomacia do País. O conto suscita, à maneira lima-barretiana, críticas ao bacharelismo e à burocracia viciada. Foi publicado pela primeira vez no jornal Gazeta da Tarde do Rio de Janeiro, em 28 de abril de 1911, e posteriormente incluído na coletânea O homem que sabia javanês e outros contos.

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